Eles não são loucos desvairados, que pretendem torturar pessoas e lançar na cadeia todo mundo sem julgamento ou oportunidades de defesa. Mas, é verdade que acreditam que o poder deve ser tomado a força pelos militares das Forças Armadas. E mesmo que toda a mídia, juristas e os próprios comandos militares, já tenham dito que sua demanda vai contra a Constituição de 1988, eles ainda acreditam que as Forças Armadas vão responder de forma positiva aos seus apelos.
Desde 2013 acompanhamos a formação dos grupos intervencionistas (veja aqui, aqui e aqui ou todos os artigos aqui). A principio estavam somente nas redes sociais. Depois de algum tempo começaram a se encontrar pessoalmente para discutir as estratégias para que seu pleito se tornasse conhecido das Forças Armadas e da sociedade em geral. Os primeiros movimentos, no Rio e em São Paulo, foram modestos. Mas, apaixonados.
Os intervencionistas acreditam que uma grande mobilização pode convencer os comandos militares de que ha necessidade de intervirem, retirando o governo atual do Palácio do Planalto e, após isso, convocar novas eleições. As propostas algumas vezes divergem, há grupos que dizem que há necessidade de dissolver também o Supremo Tribunal Federal, nomeando novos ministros em curto espaço de tempo.
Basta entrar nas páginas das Forças Armadas nas redes sociais para que se tenha uma noção da quantidade de pessoas que pedem socorro aos militares, eles chegam a somar mais de 60% dos comentários em postagens. As lideranças incentivam os membros a enviar e-mails e cartas para quartéis e generais, com textos pedindo uma “intervenção militar”.
Pode-se afirmar que os intervencionistas são parte importante da gênese do novo movimento de oposição que ocorre hoje. Foram eles que iniciaram a mobilização que agora colocou mais de 2 milhões de pessoas nas ruas em 15 de março de 2015. Alguns grupos, como Revoltados Online, que hoje conta com mais de 700 mil membros nas redes sociais, defendiam a intervenção militar e agora assumiram uma postura um pouco mais “democrática”, indo para as ruas pedir o impeachment da atual presidente.
Outros grupos, também gigantes, como o Pesadelo dos Políticos (com mais de 230 mil membros), que não se abstém de trabalhar por outras linhas de ativismo político, como a árdua campanha antes das eleições passadas, quando distribuíram milhares de adesivos Fora Dilma nas ruas do Rio de Janeiro. O grupo faz palestras a céu aberto no centro do Rio, dando noções sobre ativismo político, comunismo e esclarecendo os cariocas sobre o que tem acontecido no país.
É grande verdade que em meio aos intervencionistas há alguns poucos que podem sim ser chamados de radicais de extrema direita. As imagens abaixo mostram que estes fazem apologia ao ódio e violência, e até assediam militares da ativa (grupos secretos) para a formação de uma espécie de exército de resistência. E isso acaba por gerar mais rejeição ao grupo que vai para as ruas de forma pacífica. Alguns membros de grupos como o Intervenção Militar 2014 exageram, fazem apologia a violência e falam até em “morte aos comunistas”
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A maioria dos que participam das manifestações, vestindo suas roupas camufladas e portando faixas em apoio aos militares, são pessoas com bom nível cultural, na casa dos 30 ou 40 anos, que declaram que estão tão decepcionados com a “democracia” atual que chegaram ao ponto de acreditar que não é mais possível, pelas vias democráticas, que se impeça que o Brasil chegue ao ponto em que já chegou a Venezuela.
A partir das manifestações de dezembro de 2014, quando a grande mídia não pode mais esconder o movimento de oposição, que já havia colocado repetidamente mais de 10 mil pessoas nas ruas, os intervencionistas passaram a ser repudiados com mais intensidade. Artistas como Lobão e outros famosos que apoiavam a movimentação de oposição não desejavam ter seus nomes ligados a supostas “movimentações golpistas” e ameaçaram se retirar do movimento se os intervencionistas permanecessem.
Lobão, em resposta à colocações da grande mídia, disse que ser intervencionista era “cretinice”. Reinaldo Azevedo e outros articulistas também criticaram os intervencionistas, disseram que acabavam por dar munição para a esquerda taxar o movimento de “golpismo”, e isso acabou esvaziando um pouco o movimento intervencionista, que aparentemente volta a crescer depois das manifestações do dia 15 de março. Nas redes sociais as menções à palavra INTERVENÇÃO superaram a palavra IMPEACHMENT (veja o gráfico)
Eles são monstros? Radicais de extrema direita com os quais não há diálogo? Como podemos interpretar a voz desse grupo que inegavelmente congrega milhares de pessoas, talvez milhões?
Abaixo a opinião de algumas pessoas sobre a questão. Depois retornamos.
M.Lopes: Independentemente de intervenção militar (utopia) ou não, o certo é que a democracia Brasileira falhou. É indiscutível que entre 1964 e 1985 (anos que sucederam a intervenção civil-militar no Brasil) nosso país deu um salto de desenvolvimento em todos os setores pulando da 71° para a 8° economia do mundo. A tão sonhada democracia só serviu para que grupos socialistas, que têm como único objetivo perpetuação no poder sem se preocuparem com o desenvolvimento da nação, pudessem alcançar seus objetivos obscuros.
L.S (dona de casa. 47 anos): … no Brasil já morrem todas as semanas, milhares de pessoas assassinadas pelos criminosos e outras tantas por causa do péssimo sistema de saúde… invalida a tese de que em caso de intervenção militar há o temido risco de se jogar o país numa guerra civil. … acredito que os militares resolveriam a situação em pouco tempo.
N.O: “O Brasil não tem salvação, “quase” todo político brasileiro é corrupto e conivente, a corja é grande e as leis favorecem a eles sempre. A única solução seria intervenção militar. Arrumar a casa, prender todos os corruptos, resgatar todos os bens roubados e devolver a nação, faça-se uma reforma política com leis mais severas contra corrupção. Reduz os salários e mordomias dos band… quero dizer dos políticos e entrega a nação a casa em ordem e arrumada. Sabemos que não é simples nem fácil, Mas na atual situação de desordem moral, SERIA O CERTO!”
I.N.A: “… olha eu mesmo me preocupo com as vidas inocentes! me preocupo com as vidas das pessoas honestas! militares de bem, policiais de bem, trabalhadores de bem, civis de bem enfim o povo de bem! o resto que se xxx!!! Quanto aos militantes, os criminosos do MST, os guerrilheiros bolivarianos eu quero mais é que todos se xxx!!!! a omissão dos senhores militares vai matar muito mais do que uma eventual guerra civil!! para se ter uma idéia morre mais gente no Brasil do que no Iraque! ou na palestina!!! então pelo amor de deus!!!!!!! precisamos de uma intervenção com urgência!!!!!!!!!”
S.Coelho: “…a família já perdeu sua moral…os direitos humanos acabaram com nossas crianças e juventude e não vejo diminuir em nada o desrespeito ..estupram ..matam …em nome de um povo desenfreado e de pessoas dignas que querem ver.. a ordem e o progresso de nosso pais …banindo o congresso nacional junto a presidente Dilma o ex lula e toda a quadrilha que assalta nosso pais …e usando os mesmos argumentos para se reelegerem ..saúde..educação..segurança, trabalho e principalmente amparar a constituição família ..hoje desmoralizada pelo assistencialismo medíocre desses bandidos que comandam o país …intervenção já…abaixo a democracia mentirosa e bandida.”
Retornamos.
Os intervencionistas mantém um discurso que incomoda a esquerda e a grande mídia. Por exemplo:
– Dizem que nosso país hoje está nas mãos de pessoas que lutaram contra nosso próprio povo, tentando jogar o país numa ditadura comunista, e que nenhum deles até hoje declarou arrependimento. que Dilma e Lula são aliados de Nicolás Maduro, que promove uma perseguição cruel e ilegal a seus opositores na Venezuela.
– Dizem que Dilma é aliada dos Castro, que assassinaram milhares de pessoas no Paredon e até hoje mantém opositores presos.
– Dizem que as Forças Armadas brasileiras tem seu passado de gloria apagado por um grupo que tenta a todo custo fazer a sociedade acreditar que os Militares foram apenas torturadores que queriam se manter indefinidamente no poder.
Por qual motivo a mídia escondeu faixas como a mostrada ao lado, carregadas na manifestações? Não se pode falar contra o marxismo? Esse tabu em torno de uma discussão realmente aberta sobre o que acontece acaba por fortalecer o sentimento de que não há uma via democrática possível.
É preciso que se volte a debater política no Congresso nacional. Parlamentares não podem só discutir economia, propostas de obras públicas e reajustes salariais. É necessário que se discuta honestamente nosso passado recente, nosso presente, e principalmente, planos para o futuro do país.
Já está mais do que claro que a legislação atual não endossa o pedido dos intervencionistas. Porém, como já foi exposto, não pode-se ignorar que seu pedido não veio “do nada”. Suas posições são sustentadas por posicionamentos concretos, construídos ao longo de anos de seguidas decepções causadas pela chamada democracia brasileira.
Este veículo de comunicação não acredita que a chamada “intervenção Militar” seja a solução para os problemas do país. Ao contrário, acreditamos que seria uma interrupção em nossa caminhada para um Brasil melhor. Contudo, Se existe um grupo tão grande de pessoas honestas e decentes que não acredita mais em nosso sistema democrático, ainda que seu pleito seja inviável essas pessoas tem o direito de ser ouvidas, não podem ser tratadas como se fossem monstros, torturadores ou uma espécie de patologia social. É preciso que alguém (- se não os militares, que seja então o poder legislativo, o mais próximo da população – ) lhes dê uma resposta concreta e convincente.
Robson A.D. Silva – Cientista Social – https://sociedademilitar.com.br
Acréscimo em 18/03: Olha só! Vejam quem apareceu nos campos para comentários do site. Um desses obcecados e perigosos, do tipo que citamos como realmente digno de ser chamado de extremista de direita e apologista da violência, que destoa da maioria dos intervencionistas. Ele nos ameaça de processo judicial por “mostrar a sua cara”. Seu IP é de Sorocaba ou proximidades. Ele é corajoso quando destila uma enxurrada de ofensas. Mas, não tem coragem de mostrar o nome, assinando como “seu obsessor”. É um termo muito usado por praticantes de espiritismo. Segundo sua fé, qualifica entidades que se dedicam a importunar pessoas. Para um “estrategista” de resistência “intervencionista” ele deixa alguns furos, como seu IP nas proximidades de Sorocaba e uma palavra que pode indicar a religião que pratica.