Internacional – “Dirigir prejudica os ovários das mulheres”!
O site “woman2drive” foi tirado do ar na Arábia Saudita. O ataque acontece na mesma semana em que um dos religiosos conservadores mais importantes do país defendeu que as mulheres devem ser proibidas de dirigir para não terem seus “ovários danificados”.
A Arábia saudita possui um dos regimes mais duros do mundo, mas suas imposições comtra homossexuais e mulheres raramente são mencionadas pela imprensa mundial. Em 2011 uma "nova" regra foi imposta, mulheres que teriam "olhar sensual" foram obrigadas a usar véu quando estivessem em público. Ha poucos anos, enquanto uma escola pegava fogo a polícia e bombairos apenas olhavam, lá dentro 12 meninas morriam carbonizadas porque suas vestes não eram apropriadas para sair em público.
Saleh bin Saad al-Lohaidan disse em entrevista à publicação digital Sabq.org que “se uma mulher conduz um carro sem que seja absolutamente necessário pode sofrer consequências psicológicas negativas, já que existem estudos médicos fisiológicos que demonstram que a condução afeta automaticamente os ovários e pressiona a pélvis para cima”. Continua, “por isso achamos que aquelas que conduzem habitualmente têm crianças com problemas clínicos de diferentes níveis”. Nunca antes se ouviu falar nesse tipo de estudo e a fonte não foi citada para verificação.
A declaração está relacionada com o ato nacional da “woman2drive”, previsto para o dia 26 de outubro. O sheik chegou a falar diretamente para essas mulheres em sua entrevista, pedindo que sejam mais razoáveis, e não se deixem levar pela emoção, “a razão em vez do coração, emoções e paixões”, disse.
A Arábia Saudita é o único país do mundo onde as mulheres são proibidas de dirigir. Mesmo sem existir uma lei que determine a restrição, as licenças de direção são apenas concedidas aos homens. Não é só. No país as mulheres vivem sob tutela masculina e dependem de autorização por escrito do marido, pai ou irmão para fazer qualquer coisa, trabalhar, viajar, e até mesmo se submeter a operações cirúrgicas.
Saad al-Lohaidan é conselheiro jurídico do Ministério da Justiça da Arábia Saudita. No país os religiosos compõem um Conselho Superior Judiciário responsável por redigir éditos religiosos (fatwas), mas não propõem leis, responsabilidade direta do rei. A proibição de dirigir é justamente uma dessas fatwas, que apesar de não constar como lei, funciona, na prática, como tal.
Contra essa restrição desde 2011 mulheres vêm protestando de maneira mais organizada no país e realizando atos de desobediência. O movimento ficou conhecido como “woman2drive”.
A desobediência consiste em sair pela rua dirigindo, filmar ou registrar de alguma maneira o “passeio” e divulgar na internet. A expectativa é que divulgando as imagens mais mulheres se motivem a fazer o mesmo e desta maneira desafiar a lei, com uma realidade que vai se impondo no país.
Em 2011 dezenas de mulheres postaram fotos ou vídeos dirigindo. O caso mais conhecido foi o de Manal al-Sharif, que divulgou “um vídeo em que conduzia e incentivava outras mulheres a aderir ao movimento Women2Drive. Acabou presa. Foi obrigada a declarar por escrito que não voltaria a conduzir e foi libertada dez dias depois de ter sito detida” (PT, 29/09/2013).
A movimentação das mulheres expôs o tamanho da restrição de direitos e repressão no país. A situação está forçando que o rei Abdullah sinalize quem mudanças na situação das mulheres. Mesmo porque o caso deixa muito evidente a conivência do imperialismo americano com ditaduras que sejam suas aliadas, especialmente no Oriente Médio.
Assim que o protesto pelo direito de dirigir ganhou o mundo o Rei tratou e ganhar as páginas dos jornais “concedendo o direito de voto” às mulheres, mas a lei entra em vigor em 2015, e não significa muito, pois todas as leis e decisões cabem à monarquia absoluta, do próprio Abdullah.
As declarações do sheik e o ataque ao site do movimento na internet mostram na verdade falta muito para que de fato o rei da Arábia Saudita conceda verdadeiros direitos às mulheres no país.
https://sociedademilitar.com.br . A noticia foi publicada em UOL, causaoperaria e outrso jornais do mundo inteiro.