Separatismo. Niterói deve ser extirpada do Rio de Janeiro. Ou Cunha, de São Paulo?
Todos conhecem o IDH-M? O índice é uma medida composta de indicadores de três dimensões do desenvolvimento humano: longevidade, educação e renda. O índice varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano. No Brasil possuímos 5563 municípios. Segundo a ONU a cidade com maior IDH-M no Brasil é São Caetano do Sul, com 0.86. A pior é Melgaço, no Pará, que tem IDH-m de 0.41. Ainda que o PT esteja no governo a 12 anos, a população das cidades com baixíssimo IDH não consegue enxergar o governo petista como incompetente. Vejam só. Depois conversamos mais.
Cidades com pior IDH-M no Brasil
Colocação |
IDH-M |
Candidato Vencedor |
|
5556 º |
Itamarati (AM) |
0,477 |
Dilma |
5557 º |
Cachoeira do Piriá (PA) |
0,473 |
Dilma |
5558 º |
Bagre (PA) |
0,471 |
Dilma |
5559 º |
Jordão (AC) |
0,469 |
Dilma |
5560 º |
Chaves (PA) |
0,453 |
Dilma |
5560 º |
Uiramutã (RR) |
0,453 |
Dilma |
5562 º |
Marajá do Sena (MA) |
0,452 |
Dilma |
5563 º |
Atalaia do Norte (AM) |
0,450 |
Dilma |
5564 º |
Fernando Falcão (MA) |
0,443 |
Dilma |
5565 º |
Melgaço (PA) |
0,418 |
Dilma |
Cidades com melhor IDH-M
1º |
São Caetano do Sul (SP) |
0,862 |
Aécio Neves |
2 º |
Águas de São Pedro (SP) |
0,854 |
Aécio Neves |
3 º |
Florianópolis (SC) |
0,847 |
Aécio Neves |
4 º |
Balneário Camboriú (SC) |
0,845 |
Aécio Neves |
5 º |
Vitória (ES) |
0,845 |
Aécio Neves |
6 º |
Santos (SP) |
0,840 |
Aécio Neves |
7 º |
Niterói (RJ) |
0,837 |
Aécio Neves |
8 º |
Joaçaba (SC) |
0,827 |
Aécio Neves |
9 º |
Brasília (DF) |
0,824 |
Aécio Neves |
10 º |
Curitiba (PR) |
0,823 |
Aécio Neves |
Belford Roxo. O Tipo Ideal.
Trafegando de automóvel em Belford Roxo, cidade do Rio de Janeiro em qeu Dilma Roussef foi melhor votada, a cada cinquenta metros temos que transpor uma lombada, algumas de proporções gigantescas. Vez por outra o fundo do carro arrasta numa delas. Percebe-se muitos motoqueiros sem capacete correndo em alta velocidade, montes de lixo se acumulam em várias esquinas, a pavimentação está em estado deplorável, não há calçadas pêra pedestres, a maioria das casas não tem reboco etc. A impressão que se tem é que é um local sem nenhuma presença do estado.
Um visitante de outro país que fosse ao local para conhecer a cidade carioca onde Dilma Roussef recebeu votação mais expressiva, certamente ficaria completamente perplexo, tal a situação de pobreza, insegurança e completo abandono por parte do poder público. Como em um lugar como esse, completamente esquecido pelo estado, a candidata da situação recebeu quase 75% dos votos? Inevitavelmente seria o questionamento em sua mente.
A população de Belford Roxo é apenas uma amostra, quase um tipo ideal weberiano, das grandes parcelas de população carente e massacrada pela omissão do estado, em vários locais do país, que foram responsáveis pela reeleição da afilhada de Lula. Os moradores de locais como esse tendem a reverenciar pessoas que trazem soluções para seus problemas mais urgentes. Elegem para si heróis populares . No momento o "herói" é Dilma Roussef.
Há alguns anos, quando Belford Roxo era ainda um distrito de Nova Iguaçú, o principal problema local era a segurança pública, este foi “solucionado” por “iniciativa privada”. Assim os moradores passaram a conviver amistosamente com os grupos de extermínio. Alguns chegam a dizer que era uma época boa, poucos assaltos, poucos estupros e praticamente nenhum tráfico de drogas. Bastava seguir as regras dos chefões da localidade para se ter uma vida em paz. Depois de algum tempo o município se emancipou e teve como primeiro prefeito, até hoje adorado como maior líder local, o famoso JOCA, que não coincidentemente, segundo vários pesquisadores, era ligado aos grupos de extermínio na baixada fluminense, e também a roubos de cargas. Joca foi assassinado em 1995, mas ainda é lembrado como benfeitor do município.
O jornal extra dessa semana publicou uma reportagem sobre a expressiva votação que Dilma Roussef teve em Belford Roxo. Veja uma parte da entrevista. Depois conversamos mais.
“Neste último domingo, a camelô Neide Santos, de 56 anos, não teve dúvida ao votar 13. Ela mora em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, cidade em que Dilma obteve o maior percentual de votos no estado (74, 82%, contra 25,18% de Aécio Neves). — Todo mundo rouba. Pelo menos, ela fez o Bolsa Família e o Projovem — disse Neide.”
Os moradores de Belford Roxo, assim como os que residem em outros municípios da baixada fluminense, estão acostumados há muito tempo com a insignificante presença do estado em seu quotidiano. A já citada enorme quantidade de lombadas ou quebra-molas, é um exemplo disso. Cada morador acha que pode fazer uma em frente a sua casa, e faz. O poder público não se importa em regular esse tipo de questão, o que importa é não perder capital político.
Hoje, saúde e segurança pública estão em situação lastimável na baixada fluminense. Mas na localidade essas são questões, que apesar de imprtantíssimas, as pessoas só sentem em momentos pontuais, como em caso de doença ou um assalto. Em Belford Roxo notícias sobre assassinatos não aterrorizam mais, desde a infância os moradores convivem com esse tipo de coisa, a violência lá é algo comum. Ouvir tiros durante a noite não assusta mais os moradores. Os problemas que a população sente mais, são ligados ao baixo poder aquisitivo. O que pode ser mais urgente que comida na mesa ou um lugar pra morar? O êxito do PT nas localidades mais carentes está diretamente relacionado à ligação que o partido conseguiu estabelecer com os programas assistencialistas, que suprem as necessidades mais urgentes. Para quem está com fome, o prato na mesa vale muito mais do que qualquer promessa de um futuro promissor ou de que o filho vai virar doutor.
Imaginem vocês se o Brasil fosse igual aos EUA na questão do número de partidos. No país, onde só há dois partidos, Barack Obama venceu as eleições presidenciais praticamente no Norte e Oeste do país. No Sul o vencedor foi Mitt Romney, nem por isso se pensou em dividir o país. É preciso levar em consideração que os brasileiros essa semana vivem ainda momentos pós eleições. Some-se a isso o fato de ter sido o pleito mais disputado dos últimos anos. A sociedade que acredita que o país deve mudar viveu um momento mágico. Com pouco dinheiro e sem o controle da máquina pública quase venceu as eleições. É tempo de esfriar a cabeça e agir racionalmente.
Deve-se tomar cuidado para que a polarização, arma da esquerda, não seja também abraçada pelo restante da sociedade. Somos todos brasileiros e devemos nos unir. Pelos gráficos acima podemos perceber que a maioria das pessoas que votou no PT o fez por acreditar que o partido suprirá suas necessidades mais emergenciais. Não podemos acreditar que são mais de 50 milhões de pessoas que compactuam com a corrupção, que são mal intencionadas, preguiçosos etc. Prefirimos crer que são vítimas. Devemos é continuar lutando de todas as formas possíveis para que as condições sociais e intelectuais da sociedade sejam incrementadas, de forma que cada vez mais pessoas sejam libertas das rédeas do assistencialismo eleitoreiro.
Robson A.D.Silva — https://sociedademilitar.com.br