Para os investigadores da operação Lava Jato, o depoimento mais importante dos prestados pelos executivos de empresas é o do vice-presidente da Mendes Júnior, Sérgio Mendes. Ele admitiu que pagou R$ 8 milhões em quatro parcelas, entre julho e setembro de 2011, após, segundo ele, sofrer extorsão para que não houvesse rompimento de contratos com a petrolífera brasileira.
Os investigadores tem cada vez mais reforçada a suspeita de que os desvios tinham como destino o caixa 2 de partidos da base aliada do governo, especialmente PT, PMDB e PP.
Possibilidades, perspectivas, conjecturas…
Algum tempo antes das eleições o deputado Jair Bolsonaro apresentou seu nome à executiva de seu partido, o PP, para que fosse endossada sua candidatura para Presidente da República. O partido, em reunião polêmica e tumultuada, não aceitou, resolvendo permanecer como aliado do Partido dos Trabalhadores nas eleições presidenciais. Na época a decisão gerou bastante discussão entre a executiva nacional e filiados de vários estados, que não conseguiam entender o por quê de tanta insistência da exÊcutiva em permanecer do lado do governo.
O que temos ouvido sobre o caso petrolão já nos dá uma idéia da motivação da chefia do PP em permanecer no mesmo time de Dilma e Lula.
Jair Bolsonaro, devido à decisão, permaneceu como candidato a Deputado Federal, e comprovou sua popularidade, foi o mais votado do Rio de Janeiro. Somente a quantidade de votos que recebeu no Rio já o colocaria na sexta posição na disputa presidencial. Contudo, é certo que, como candidato a presidente, Jair Bolsonaro receberia votação expressiva nos outros estados da federação. Entendemos que se o Partido Progressista endossasse sua candidatura, o capitão-deputado, mesmo sem financiamento expressivo e com pouco tempo na TV, receberia de 8 a 10 milhões de votos, ficando pelo menos em quarto lugar na disputa eleitoral, muito a frente de Luciana Genro. Bolsonaro poderia também, em tese, depois de expressiva votação no 1° turno, ter apoiado Aécio, o que talvez virasse o jogo em favor do PSDB.
Flavio Bolsonaro, também do Rio de Janeiro, foi candidato a deputado estadual pelo PP. Foi eleito com pouco mais de 160 mil votos.
Os dois políticos acima citados são críticos ferozes do Partido dos Trabalhadores. Se Bolsonaro já destoa da base aliada do governo há algum tempo, imaginamos que agora sua situação fica mais complicada ainda. Seus eleitores são, antes de tudo, definitivamente contra o PT e seu “projeto” bolivariano – castrista – comunista para o Brasil. Pra piorar as coisas, Jair Bolsonaro, com sua expressiva votação, acabou arrastando de carona Fernando Jordão, da coligação. Ou seja, mais um para ajudar o PT na consecução de seus planos para o Brasil.
Grande parte dos eleitores de Bolsonaro que freqüentam as páginas da Revista Sociedade Militar deixam claro que está mais do que na hora desse político pular fora do Partido Progressista. Os Bolsonaros fazem parte do grupo selecto que considera-se como bastiões da defesa de pilares fundamentais para a construção de um grande Brasil, que são: liberdade, honestidade, patriotismo, família, meritocracia etc.
Infelizmente, nesse caso, a legislação eleitoral funciona como um tipo de algema. A mudança de partido só é permitida nos seguintes casos (Resolução 22.610 do TSE): 1) incorporação ou fusão de partido; 2) criação de novo partido; 3) mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário; e 4) grave discriminação pessoal.
Por outro lado, para felicidade de seus eleitores e de grande parte da sociedade de direita, conservadores, liberais e/ou anti-esquerda, o deputado Jair Bolsonaro declarou recentemente que pretende concorrer para a presidência do país em 2018. Pelo Partido Progressista, aliado de Dilma e Lula, essa possibilidade é praticamente nula.
Como poderia então ser feito isso? Como Bolsonaro viabilizaria sua candidatura para o mais alto cargo político do país?
“Eu pretendo disputar como presidente da República. Se o meu partido não sinalizar para isso, eu vejo para onde eu posso ir. A direita tem cara, tem voto, tem vergonha na cara”
No final de 2013 estivemos cobrindo um evento realizado no Rio de Janeiro. Foi um congresso do Partido Militar Brasileiro. Bolsonaro estava presente e em sua fala destacou a necessidade da honestidade na política. O Deputado disse ainda, em tom de aconselhamento aos membros do novo partido, que a independência política/financeira que possui lhe proporciona a oportunidade de perseguir seus objetivos sem nenhum tipo de dívida a pagar com financiadores de campanha, o que chamou de “rabo preso”.
Naquele dia passamos a cogitar se o Partido Militar não estava incluído nos projetos futuros de Jair Messias Bolsonaro.
O Partido Militar está ainda por ser regularizado. Porém, em fase adiantada de coletas de assinaturas, a sigla apresenta-se como a opção plausível para os planos já anunciados de Jair Bolsonaro. Como vimos acima, a legislação abre uma “janela” para migração de políticos com destino a um partido recém criado.
Supomos que acompanhariam Bolsonaro, seus filhos e mais alguns políticos. Não há dúvida de que Augusto Rosa, presidente do Partido Militar e eleito deputado federal por São Paulo, também deve mudar de partido assim que o PMB for regularizado.
Outros que muito provavelmente migrariam para o PMB seriam Eduardo Bolsonaro, eleito por São Paulo e o astronauta Marcos Pontes, que teve votação expressiva, mas não foi eleito. No Rio de Janeiro, o General Abreu, que foi candidato a vice-governador, também ja foi visto em reuniões do Partido Militar.
Se acertarmos em nossas previsões o PMB deve nascer já como um partido forte, com pelo menos três deputados federais e um estadual. O Partido Militar tem tudo para preencher uma lacuna obvia dentro da política brasileira. O partido realmente se apresenta como de oposição e tem projetos interessantes paa o país. Permanecendo nessa linha o PMB tem tudo para dar certo.
O país vive um momento complicado. A direita tem comparecido às ruas para exigir a apuração dos recentes casos de corrupção e já aproxima-se o fim do ano, época em que os ânimos se esfriam um pouco. Acreditamos que logo no início do ano que vem alguma notícia interessante nesse sentido deve ser veiculada, pois sabemos que o Partido Militar precisa adiantar seu processo de coletas de apoiamentos para que possa participar das eleições de 2016, e nada melhor para isso do que o empenho de grandes nomes da política, como os citados acima.
Robson A.D. Silva – Revista Sociedade Militar. https://sociedademilitar.com.br