Olavo de Carvalho critica declarações do Comandante do Exército.
Recentemente o general Villas Boas, discorreu sobre a situação atual do país, em certo trecho da palestra (VEJA AQUI) afirmou que o Brasil tem instituições estruturadas e que já é capaz de se reerguer por si só (sem a ajuda dos militares). Vejam abaixo.
“O século XX foi um período bastante conturbado, a questão da guerra fria, Cuba exportando revolução. Acho que a missão histórica da geração de nossos pais foi a de preservar a democracia no país, o exército não se arrepende do que fez, mas de certa forma ainda paga pelo que fez. Acho que a missão histórica de nossa geração talvez seja o de contribuir com a preservação dos valores da sociedade brasileira, o exército é um corte vertical na sociedade brasileira… Hoje o Brasil é um país com instituições estruturadas, naquela época não havia instituições, então hoje já temos um sistema de pesos e contrapesos em nosso país… As coisas naturalmente vão se equilibrando. Eu acho que é um erro a gente querer tutelar a sociedade .
O filosofo Olavo de Carvalho, que já foi reconhecido pelo próprio comando do Exército por conta de seu esforço em esclarecer a sociedade sobre o que realmente ocorreu em 1964, publicou hoje nas redes sociais um texto interessante sobre a fala do atual Comandante da Força Terrestre.
No texto elogiado, o filósofo dizia que em 1964 a administração pública do Brasil estava cheia de revolucionários, apoiados pelo então presidente J.Goulart. Mas, mesmo assim o Exército conseguiu desmantelar o esquema em pouquíssimo tempo sem nenhum derramamento de sangue.
Olavo de Carvalho, que é um dos articuladores da atual mobilização em oposição ao governo do PT, disse hoje que é uma falácia a afirmativa de que a existência de instituições democráticas oferecem proteção à sociedade contra tiranias.
Texto de Olavo de Carvalho.
Quando o comandante do nosso Exército festeja a “estabilidade das nossas instituições democráticas”, demonstra ignorância histórica e falta de discernimento. Instituições, por si, NUNCA definem uma democracia nem a distinguem da tirania. Isso é assim por natureza e está provado desde a Antigüidade, quando Otávio Augusto, em 27 a.C., implantou o regime ditatorial do seu Império em Roma CONSERVANDO INTACTAS as instituições republicanas.
A tirania sob aparência democrática não é, portanto, nenhuma novidade, nenhum mistério, nenhuma figura de linguagem, mas um estado de coisas vulgar e recorrente, que até as crianças de escola deveriam ser capazes de perceber quando reaparece — um estado de coisas cuja presença é hoje atestada, ACIMA DE QUALQUER POSSIBILIDADE DE DÚVIDA, pelo fenômeno obsceno da APURAÇÃO SECRETA, negação ostensiva do princípio de transparência sem o qual não existe substantivamente democracia nenhuma.
O general afirmou que as Forças Armadas estão preparadas para agir “se” — notem bem: SE — algum partido “tentar” se eternizar no poder por meio ilícito. O fato é que ele próprio foi nomeado para o cargo por um governo que JÁ fez isso e que, controlando as apurações secretas, não poderá sair do poder JAMAIS por via eleitoral.
Clique aqui e VEJA a palestra de Villas Bôas — Robson A.D. Silva – Revista Sociedade Militar.
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