“Não se pode definir como virtude a matança dos próprios concidadãos, a traição aos amigos e a demonstração de falta de lealdade, de piedade, de consciência e de ideal moral: essas práticas podem conquistar poder ao príncipe, nunca a glória”(Maquiavel).
Todos nós temos assistido, abasbacadamente, o tão solapado e cansado povo, em massa, ir às ruas das mais diversas cidades das capitais desse Brasil, em especial São Paulo em que tivemos mais de um milhão de pessoas na Avenida Paulista, no dia 15.Mar.2015, e também em outras capitais no exterior, como Londres, Roma, Lisboa e Buenos Aires, para manifestar a sua total aversão ao governo petista, clamando pela ética na política, pelo rigor da operação “Lava Jato”, pela transparência da utilização da máquina pública, contra a corrupção, contra as doações secretas do dinheiro público para financiar obras faraônicas em países alienígenas, contra a contratação de médicos cubanos para financiar a ditadura castrista, pela redução de ministérios, por uma educação de qualidade, pelo fim das mentiras oficiais e, inclusive, pela volta dos militares ao “poder”, além de outros anseios.
Para se tentar entender e decifrar esse enigmático momento político brasileiro, convidamos os amigos leitores a mergulhar conosco na clássica lenda Grega envolvendo Jocasta e seu filho Édipo, que nos servirá como importante ferramenta para a desmistificação do atual imbróglio político. A história é mais ou menos assim: Jocasta, esposa de Laios, Rei de Tebas, queria muito ter um filho do Rei, porém, ao consultarem o Oráculo de Delfos, revelou-se que teriam um filho dentro de pouco tempo, mas que a criança estaria destinado a assassinar o pai e casar-se com a mãe.
Assustada com a previsão, Jocasta, logo após o nascimento, entregou o bebê a um Pastor, servo fiel do Rei, incumbindo-o da difícil tarefa de matar a criança. No entanto, o bebê foi poupado e entregue a uma família da aldeia, onde Édipo cresceu sem saber que era filho do Rei e da Rainha de Tebas.
Anos mais tarde, Édipo, sentindo-se diferente dos seus concidadãos resolveu consultar o Oráculo de Delfos quando descobriu que estava destinado a matar o próprio pai e casar-se com a mãe. Para evitar isso, fugiu para Tebas, tentando escapar de sua sina, pois acreditava ser filho legítimo do casal que o criou. Caminhando por uma estreita estrada pelas montanhas, Édipo deparou-se com uma carruagem e quando o cocheiro jogou os cavalos contra ele, revoltou-se com tamanha soberba, partiu para a luta e matou os seus tripulantes.
Seguindo sua peregrinação, Édipo chegou à cidade de Tebas, onde se deparou com dois problemas: a) o rei tinha sido assassinado; b) a cidade estava tomada pelo terror da Esfinge, um monstro que se estabelecera a porta da cidade propondo um enigma. Como ninguém sabia responder, a Esfinge ia matando um por um.
Resume a lenda que Jocasta decidiu oferecer sua mão a quem livrasse a cidade do monstro. Édipo enfrentou e venceu a Esfinge ao decifrar o seu enigma, obtendo o direito de casar-se com Jocasta, tornando-se o rei de Tebas. Anos depois, uma peste assolou a cidade. Édipo decidiu consultar o Oráculo de Delfos, mas foi aconselhado a chamar Tirésias, um velho sábio que vivia em Tebas. Este revelou que a causa daquela peste era o assassino de Laios, que continuava na cidade. Édipo prometeu prendê-lo e matá-lo, mas o sábio revelou que ele já o havia assassino, já que Laios (o rei) era umas das pessoas da carruagem que ele enfrentara. Jocasta, sua mãe, envergonhada, suicidou-se. Édipo furou os próprios olhos e renunciou ao trono.
Essa história possui uma atmosfera macabra, no entanto, ela nos proporciona compreender o complexo funcionamento das coisas no plano político nacional, muito embora, há fases da vida pública em que parece que nada entendemos. Talvez seja por estarmos vivendo dias muito difíceis, ou mesmo porque nada é feito para funcionar mesmo, e aí não entender esse plano se torna algo natural.
Para agravar essa sensação nós temos os noticiários diários, que são úteis, mas nem sempre o suficiente para fazer a sociedade entender essas relações políticas, ao contrário, muitas vezes mais confundem do que esclarecem. Aliás, é realmente difícil compreender, bem como decifrar os “enigmas” de nossas “Esfinges Políticas”.
Daí por que parodiar a referida lenda, com certeza, ajudará a desmistificar os “enigmas vermelhos”. Mas que “enigmas” são esses?
A sua gênese provavelmente esteja na desilusão da sociedade para com os sucessivos governos realizados pelos partidos de esquerda no Brasil. Isso é visível, em especial com a agremiação PT, que nas ruas hoje o nome é sinonímia de venalidade (*), lodaçal, abandalhação etc.. Essa insatisfação é tão grande que cresce o número de pessoas – cerca de 48% dos brasileiros – que desejam uma intervenção militar no país, como forma de se colocar ordem na casa, o que em muito vem preocupando o governo federal.
Esse desejo intervencionista ficou ainda mais patente na última mega passeata ocorrida, haja vista os momentos críticos que atravessamos, com a economia fragilizada, mentiras arquitetadas, escândalos escabrosos de corrupção diários, delações, provas, investigações, prisões e um país dividido eleitoralmente. E, para piorar o quadro, o envolvimento do partido de governo e seus aliados em todas essas bartardias vêm alimentando as desconfianças e descréditos da sociedade no governo, agravando ainda mais a crise.
Conclusão, manifestações em todo o país: “Fora PT, e leve a Dilma com você”; “Dilma, vá prá CUba que pariu”, etc.. Sem credibilidade e vendo seu projeto hegemônico em ruínas, a “Esfinge Vermelho-Palaciana”, rapidamente, por seus ministros trotskismistas (doutrina marxista baseada nos escritos do político e revolucionário ucraniano Leon Trótski), lançou seus enigmas para conter a revoltada sociedade brasileira: “Pacote Anti-Corrupção”; concretização do “Imposto sobre Grandes Fortunas” e “Reforma Política”. Lembrando aos leitores que, como na lenda de Jocasta e Édipo, se não decifrarmos o enigma petista estaremos mortos para sempre.
Ante a brevidade que o tema requer, nos ocuparemos apenas com a “Reforma Política”, tema que, pela sua importância para a nação e massificação por parte do governo federal sugere, além de cautela consulta ao “Oráculo Fernando Gabeira”, escritor, jornalista e ex-deputado federal pelo Rio de Janeiro (1998-2010), que fez a seguinte contundente previsão, em seu site pessoal e no jornal “O Estado de São Paulo”: “O discurso do governo (leia-se PT) é 80% mentira e 20% malandragem”.
Ei! Psiu! Se liga nessa dica do “oráculo-gabeiramavel”: não se pode definir como virtude a matança dos próprios concidadãos, a traição a nação e a demonstração de falta de lealdade, de ideal moral: essas práticas, meus amigos, podem até franquear poder ao governo, nunca a glória. Eis o nosso grande desafio: qual é o pano de fundo da tão querida reforma política? O que pretende o governo federal e seus aliados com ela? O que realmente está em jogo nesse no instrumento reformador?
É isso que precisamos decifrar, sob pena de ver nossa “esfinge governamental” assassinar para sempre a solapada democracia. Diante da previsão do oráculo já se pode adiantar que temas como redução de ministérios, redução de membros da Câmara de Deputados e Senado Federal, redução de benefícios parlamentares, redução da carga tributária, redução do fundo partidário, fim do financiamento público de campanha, fim do sistema de urnas eletrônicas que possibilita a instalação de softwares para programas fraudados (o “Inserator CPT”) e meritocracia passam ao largo da reforma política pretendida pelo PT e aliados. Aliás, com o governo e o PT acuados pela crise política e pelas revelações da Operação Lava-Jato, o PMDB, malandramente, tomou a dianteira e apresentou o seu projeto de reforma política que contraria as pretensões de seus parceiros de governo. Entre as bandeiras estão o fim da reeleição presidencial, bem como das eleições majoritárias e também propõe a alteração, mas não extingue, das doações de campanhas por empresas.
Bom, vamos encurtar o desvendamento do enigma. O que o PT realmente quer, dentre suas bandeiras reformista, é a convocação de um “plebiscito” para implementação de sua proposta de reforma política, com o “engodo” (lembre das previsões do oráculo) de estar delegando aos eleitores brasileiros o poder de definir os rumos da reforma política. Em sentido contrário, os dirigentes da Câmara e do Senado preferem que os eleitores participem da reforma por meio de um “referendo”.
Plebiscito e referendo são consultas ao povo para decidir sobre matéria de relevância para a nação em questões de natureza constitucional, legislativa ou administrativa. A principal distinção entre eles é a de que o plebiscito é convocado previamente à criação do ato legislativo ou administrativo que trate do assunto em pauta, e o referendo é convocado posteriormente, cabendo ao povo ratificar ou rejeitar a proposta. Amigos, um ou outro instrumento não funciona com um povo analfabeto. Isso é engodo, um golpe a nossa fragilizada democracia. Um povo mal educado, um grande rebanho de gados alienados para decidir o futuro da nação? O oráculo disse que 80% do que o governo fala ou promete é mentira e os outros 20% é malandragem. E qual é a malandragem aqui?
O fortalecimento dos conselhos populares e dos movimentos sociais por meio do Decreto nº 8.243/2014, que institui a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e o Sistema Nacional de Participação Social (SNPS). O engodo é bem sedutor, a nossa “esfinge palaciana” alega que com esses “truculentos-democráticos” conselhos e movimentos – sindicatos, ONGs, associações variadas e movimentos sociais de rua (CUT, UNE, MST, FUP, etc.) – irá definitivamente “fortalecer e articular os mecanismos e as instâncias democráticas”. Isso é uma mistura de mentira com malandragem, ou no mínimo uma porta escancarada para se golpear mortalmente nossa democracia.
Um decreto publicado em silêncio com o rótulo de “Política Nacional de Participação Social”, inserida em um tal “Sistema Nacional de Participação Nacional”. Bonito, pomposo, porém o “enigma” não é tão simples e democrático quanto parece, a questão vai muito além da inconstitucionalidade do estabelecimento de um Sistema de Gestão Pública impulsionado por decisões tomadas por truculentos movimentos sociais como CUT, UNE, MST, FUP e tantos outros, pelo menos é o que o texto do decreto faz parecer.
O grande perigo, ou seja, o engodo desse decreto presidencial é a possibilidade de que seja instituída uma nova Assembleia Constituinte, assim como ocorreu na Venezuela, com base na exclusiva vontade desses truculentos movimentos sociais que sempre estiveram concentrados na ideia fixa de promover uma ruptura do atual sistema democrático, com o nítido interesse de rasgar a Constituição Federal de 1988 para estabelecer definitivamente no Brasil um novo sistema político ao molde bolivariano. Decifrado o enigma da “reforma política”.
Resume Aldous Leonard Huxley, litteris: “A DEMOCRACIA PERMITE QUE CRIATURAS ABOMINÁVEIS CONQUISTEM O PODER”.
QUE as mãos poderosas do eterno JEOVÁ-RAFAH salvem o BRASIL DO CAOS !!!
Gerson Paulo é SUBOFICIAL da Aeronáutica e Mestre em Direito.
Esse material foi recebido por e-mail e publicado inicialmente em Partido Militar – RJ – Revista Sociedade Militar.
(*) Nota do editor: Sinonímia de venalidade = Sinônimo de corruptível.