Temas: Armamento, defesa nacional, geopolítica e estratégia.
Percebemos que nos últimos anos a sociedade brasileira tem amadurecido rapidamente no que diz respeito a participação nos assuntos que dizem respeito à economia, política e defesa nacional. Recentemente o Comandante do Exército, general Villas Bôas, chegou a comentar que percebe-se na sociedade certa exaltação de valores presentes nas Forças Armadas. Levando-se em consideração que entre esses valores estão patriotismo e preocupação com a defesa daquilo que é nosso contra inimigos externos e internos, apresentamos a seguir um artigo bastante pertinente e com linguajar claro em relação à defesa.
DISSUASÃO EXTRA REGIONAL.
Há quanto tempo você está ouvindo essa “conversa para boi dormir “sobre dissuasão extra regional?
Vamos conversar sobre o que interessa. Vamos tratar do que realmente pode machucar o inimigo antes que ele possa chegar perto do nosso território. Vamos discutir sobre como estamos nos enganando. Primeiramente devemos atentar para o alcance dos mísseis fabricados pelo País. Para que se tenha uma ideia, na relação abaixo, até o “SS-150”, inclusive, esses foguetes estão muito bons para fazer frente a ameaças de países sul americanos que, por um acaso (uma hipótese muito improvável haja vista os fatos atuais do MERCOSUL/UNASUL/CONSELHO DE DEFESA SUL AMERICANO), se aproximem de forma ameaçadora de nossas fronteiras.
Alcance dos foguetes/Misseis: SS-30: 9 a 30 km; SS-40: 15 a 35 km; SS-AV-40: 40 Km (Guiamento por GP); SS-60: 20 a 60 km; SS-80: 20 a 90 km; SS-150: 29 a 150 Km e AVMT-300: 30 a 300 Km.
Eis que surge o tão “cantado e decantado em versos AVMT-300”, que alguns “experts” estão considerando de longo alcance. Ah! O míssil é capaz de bater o pré-sal, que está na faixa de 150/300km do litoral! E os nossos grupos de mísseis e foguetes (a previsão é de dois) estão sediados aonde? Um deles, o de Formosa/GO, está distante do Rio de Janeiro há nada mais nada menos do que 1447 Km! O outro grupo, por um acaso, está stuado em Belém, para fazer frente a uma armada superpoderosa que cerre meios em direção á foz do Amazonas? Seria esse o nosso trunfo de dissuasão extra regional? Meu Deus! Que alguém me prove que não estamos “viajando na maionese”.
Ah! Mas os “7” projetos estratégicos do Exército! Nada contra! Mas seriam mesmo, todos, estratégicos na acepção da palavra? Que não se duvide, ou o País toma vergonha na cara e denuncia este ajuste internacional que nos limita a 300km/500 kg ou vamos começar a apanhar bem cedo, com os “grandes predadores militares” mandando seus “presentes” desde 1500/2500 km. Vejam que, já do mar, esses poderosos inimigos podem atingir nossas baterias de “ASTROS II” ainda em Brasília. E nós? Parece que ninguém se dá conta! Nós vamos estar em deslocamento acelerado pelas nossas estradas esburacadas, correndo atrás do atraso desde a saída da capital federal.
Brasileiros, 300 km de alcance é muito pouco! “Grandes predadores militares” que cheguem à esta distância da nossa fronteira norte ou da bacia do pré sal, para eles, pela sua pletora de meios, é como se já tivessem alcançado a “distância de assalto”, ou seja, aquela em que se manda “calar baionetas”. Deixar esta gente chegar assim, sem nenhum castigo de longa distância, é não dar a mínima para nossos filhos e netos que vão estar na linha de frente. Ah! Mas o Projeto SISFRON! O Projeto “SISFRONILDO” está p´rá lá de Marrakesch! É preciso priorizar hoje, agora, para ontem, o Projeto VETOR DE RESPEITO 1500, quiçá 2500 km!
Um remendo urgente, emergencial, seria dotar nossas “14” belonaves de escolta da Marinha, cada uma, com uma seção de ASTROS II, afim de que os ínfimos 300 km fossem contados já a partir de alto mar. A propósito, esses navios de guerra já foram, todos, dotados com os mísseis EXOCET (que a Força Naval já fabrica) para ataque/defesa aproximada ou se vai priorizar os recursos para compra de “27” navios patrulha, aqueles para exercício de tiro ao alvo pelo inimigo?
Outra linha-de-ação (de remendo, até se dispor do VDR-1500) é dotar, todos, os grupos de artilharia do Rio de Janeiro de “uma” bateria de ASTROS II.
Paulo Ricardo da Rocha Paiva
Coronel de Infantaria e Estado-Maior