Raul Belens Jungmann Pinto é pernambucano de Recife.Foi ministro do Governo Fernando Henrique Cardoso e atualmente é deputado federal.
Depois que Dilma Rousseff foi afastada por até 180 dias para abertura de processo de impeachment no Senado, em 12 de maio de 2016, Raul Jungmann foi nomeado Ministro da Defesa do governo de Michel Temer.
Jungmann foi condecorado em novembro de 1994 pelo Exército Brasileiro com a Medalha do Pacificador. Foi ele quem apresentou a proposta para criação do Livro Branco da Defesa Nacional, considerado depois pelo Ministério da Defesa como “uma poderosa ferramenta de ampliação da participação civil nos assuntos de defesa”.
Hoje o livro Branco de Defesa Nacional é uma realidade e contém dados estratégicos, orçamentários, institucionais e materiais detalhados sobre as Forças Armadas.
Raul Jungmann quando jovem participou do movimento Diretas Já, na época era filiado ao antigo MDB (1972/1994). Depois das diretas foi filiado ao Partido Comunista Brasileiro e em seguida ajudou a fundar o Partido Popular Socialista, partido ao qual pertence atualmente.
Como deputado Jungmann chegou, ainda em 2015, a mencionar algumas vezes que se o Brasil caminhasse para o caos, haveria possibilidade de o país sofrer nova intervenção militar
“… Gente, olha, tem que encontrar uma saída na política porque senão virá outra saída que ninguém quer… nem eles (militares) tampouco querem.”
Dificilmente Jungmann será repudiado pela cúpula militar. Quando foi ministro da Reforma Agraria ele não se dobrou às exigências dos mandatários do MST e, apesar de ser de um partido nominalmente socialista, não é bem visto pela esquerda que orbita ao redor do Partido dos Trabalhadores e luta para reescrever o passado recente das Forças Armadas. No início desse ano chegou a ser acusado de defender um golpe militar por conta do texto que abaixo reproduzimos.
Vejam
Raul Jungmann – Deputado Federal PPS/PE
“O principal juízo dos militares sobre a crise parte da constatação de que os atores políticos, legitimados pelo voto para apontar e construir os caminhos da solução, abdicaram do papel que o grave momento nacional lhes reserva e reduziram as enormes dificuldades que se abatem sobre nós a mera luta pelo poder, na sua expressão mais primária. E ao esforço de preservação de biografias que a cada dia se mostram mais indefensáveis.
Reclamam, em síntese, da inexistência de vontade política para o enfrentamento efetivo dos problemas e, em consequência, da incompreensível subordinação das razões de Estado às conveniências político-partidárias.
A visão que eles têm da crise atual pode ser assim resumida:
a. Estão fechados com o que diz a Constituição e seu papel por ela definido. Nas suas palavras, nada farão fora do que diz o “livrinho” – nem para por, nem para tirar ninguém. Também não aceitarão ou apoiarão aventuras institucionais de qualquer das partes envolvidas;
b. Entendem, tendo em vista o aprofundamento social e econômico da crise, que cabe aos políticos sua rápida resolução, antes que ela se agrave ainda mais; e
c. Estão preocupados com a perspectiva de, não revertido o quadro de deterioração em curso, se verem convocados a intervir em nome da Garantia da Lei e da Ordem – GLO, art. 142, caput, da CF.
Convenhamos, a conjuntura lhes dá razão quanto ao temor de um descontrole. O crescente desemprego, a recessão, inflação, colapso fiscal de estados e municípios justifica a preocupação. Ademais, a perspectiva inédita de três anos de recessão, associada à vertiginosa perda de legitimidade do sistema político, de corrupção endêmica do governo e de parte do parlamento, somadas a amplas manifestações via redes sociais, torna cinzento nosso futuro.
Esse quadro poderia ser saneado se a política não fosse refém dela própria, como já dissemos anteriormente.
Isto porque a crise é sobretudo política e da política, na sua relação incestuosa com o capital privado e patrimonialista com o Estado, aprofundada e acelerada à metástase pelos governos do PT e aliados, os principais responsáveis diretos pelo que ai está.
Diferentemente do que se passou em vários momentos da nossa história desde a crise de 1868, quando Caxias promoveu a queda do gabinete liberal do Segundo Reinado, inexiste projeto de tutela dos militares sobre as decisões ou rumos políticos do pais..
Hoje, os militares não desejam o poder ou identificam motivos para nele interferir, o que contribui decisivamente para nossa estabilidade democrática. Porém, temem que a irresolução da crise e seu agravamento os tire dos quartéis, onde cumprem com disciplina e compromisso seus deveres profissionais e institucionais.”
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