Uma onça vale menos que um gorila? Onça pintada abatida dentro de quartel.
Há algumas semanas a morte de um gorila nos Estados Unidos foi notícia em todos os telejornais do Brasil. O animal foi morto pelo bem de segurança de uma criança. Ninguém contesta que isso tenha sido necessário. ONGS de proteção dos animais falaram em processar os pais, como se fossem culpados de seu filho ter encontrado uma brecha para entrar na jaula.
Obviamente foi uma falha de segurança do próprio zoológico.
Essa semana, aqui mesmo no Brasil, na ânsia que beira o ridículo de mostrar a tocha olímpica como se fosse um ser humano, descendo de rapel, pulando de parapente, praticando surf e outras estripulias inusitadas (só falta desenhar uma boca na tocha pra ela comer acarajé) , resolveram que o famoso bastão de alumínio deveria posar junto de uma bela onça pintada. É obvio que em nada acrescenta para o nosso país mostrar um animal belo como aquele, fortemente acorrentado, forçado por vários soldados a se manter na posição ideal para as fotografias.
Talvez a onça tenha sido o ser mais racional naquele episódio. Ela se mostrou irritada e, talvez por conta da movimentação excessiva na OM, fotografias e gente gritando, resolveu tentar fugir.
A coitada acabou morta com um tiro de pistola.
Os telejornais brasileiros mostraram pouco o episódio. Não querem atrapalhar a olimpíada que já está mais que ameaçada.
O exército justifica a morte, teria sido para salvar a vida de um soldado.
Um veterinário defendeu a força, ele diz que ao cuidar dos animais o Exército assume a função que deveria ser de outros órgãos. Mas, ninguém contesta isso, não é essa a discussão. Já estivemos em vários quarteis na região amazônica e percebe-se que as condições de vida dos animais são melhores do que seria em alguns zoológicos.
Contudo, a questão colocada aqui é outra, recai sobre a decisão de submeter animais ao show e sobre o individuo com poder de decisão que permitiu que a ideia idiota de posar com a tocha em frente a uma onça acorrentada fosse posta em prática. Bandeira da unidade e outras atitudes midiáticas podem ser observadas nas imagens.
O exército precisa disso?
Não sabemos se o responsável foi um general, coronel ou sabe-se lá que posto possua.
Convenhamos, os militares não precisam fazer propaganda, não existem pra fazer média por politicagem ( eu disse média, e não merda). Já chega disso, chega de medalhas pra políticos, chega de jantares para juízes e promotores, chega.
Cumpra-se a função institucional e pronto.
Revista Sociedade Militar