O combate aos grupos criminosos na fronteira brasileira passa por ação integrada das policias e trabalho de inteligência. A avaliação foi feita pelo ministro da Defesa, Raul Jungmann, nesta quinta-feira (8), em palestra no plenário da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul. O ministro informou que uma das medidas tomadas pelo governo federal foi a elaboração do Programa de Proteção Integrada de Fronteira com a realização da Operação Ágata com mais frequência e que a torne fator de surpresa para as quadrilhas organizadas.
De acordo com o ministro, estas operações iniciadas em 2011 tiveram seus resultados diminuídos em função da previsibilidade. Em média as Forças Armadas empregavam 23 mil militares e cada edição durava cerca de duas semanas. “Observamos que os resultados foram caindo. Agora teremos as operações de forma contínua durante o ano todo. Vamos atuar a partir daquilo que for apontado pelo serviço de inteligência”, explicou o ministro.
Fronteira oeste
Preocupado em debater os crimes na faixa da fronteira, os deputados sulmatogrossenses convidaram o ministro Jungmann para proferir palestra sobre a faixa de fronteira oeste, com extensão de 1.517 quilômetros com Bolívia e Paraguai. Nesta região estão situadas 44 municípios perfazendo mais de um milhão de habitantes. O ministro iniciou a exposição enfatizando que a discussão sobre a fronteira “é uma questão que diz respeito ao Brasil” e que por este motivo o governo vem buscando soluções. “Hoje uma das questões que temos diz respeito à segurança. E isso é um problema nacional”, afirmou.
O Brasil tem a terceira maior fronteira do mundo de cerca de 17 mil quilômetros com 10 países sul-americanos. Nesta faixa estão situado 710 cidades, sendo 122 municípios limítrofes e 588 cidade não limítrofes, representando 27% do território nacional. O ministro Jungmann informou que pretende retornar a Campo Grande dentro dos próximos três meses para avaliar as medidas que estão sendo implementadas. Ele afirmou também que pretende envolver o ministro da Justiça e Cidadania, Alexandre Moraes, e o chefe do Gabinete da Segurança institucional (GSI), general Sergio Etchegoyen.
Jungmann informou também que o governo dotou no Orçamento recursos para o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), um dos programas mais importantes do Exército para aquela região. O ministro disse também da reunião realizada recentemente em Brasília com ministros de Defesa e representantes dos países do Cone Sul. Ocorrida no Ministério das Relações Exteriores (MRE), o encontro produziu debate inédito de ação transfronteiriço. Segundo o ministro, as fronteiras não podem servir de barreiras para a proteção de criminosos, mas de pontes para alcança-los. Ele disse que existem acordos que permitem as autoridades avançarem em regiões contra este criminosos desde que com a anuência do país vizinho.
A reunião foi aberta pelo presidente da Assembleia Legislativa, deputado Junior Mochi, que em seguida solicitou ao secretário de Justiça e Segurança Pública, José Carlos Barbosa, que produzisse um relato sobre a situação de fronteira daquele estado. Ao término do evento, o governador Reinaldo Azambuja, contou as ações em curso para atracar os problemas de criminalidade. Hoje, segundo ele, 40% dos presos no sistema presidiário do estado são traficantes.
Ao término da apresentação, Jungmann recebeu dos parlamentares a “Carta de Campo Grande”, documento que norteia o conjunto de medidas para enfrentamento dos problemas na fronteira daquele estado. O ministro Jungmann se fez acompanhar pelo comandante Militar do Oeste (CMO), general Gerson Menandro, do deputado federal Carlos Marun, do senador Pedro Chaves e do chefe da Assessoria Parlamentar do MD, general Marco Rosa.
Informações de Min. da DEFESA – Revista Sociedade Militar