Militares e Governo podem entrar em conflito por causa de TETO na aposentadoria?
Nunca os militares das Forças Armadas foram tão mencionados pela mídia nacional. Ultimamente têm sido atacados por não ter sido incluidos nas categorias afetadas pela reforma da previdência. Contudo, nas últimas duas semanas, MICHEL TEMER que parecia estar de acordo com as colocações sobre o regime diferenciado e especificidades da carreira militar, surpreendementemente tem falado em teto “previdenciário” para as Forças Armadas. A princípio (a informação foi publicada na Revista Sociedade Militar) não se acreditou muito nessa possibilidade. Mas, TEMER tem repetido a fala e agora que o assunto voltou à tona, amplamente citado pela grande mídia, como ZERO HORA e FOLHA, militares já se preocupam e esboçam alguma resistência.
Se a idéia de fixar um TETO para os militares, similar ao maior benefício pago pelo INSS – R$ 5.531,31 – atrai o presidente TEMER, não parece ocorrer o mesmo com seu auxiliar, o Ministro da Defesa. Raul JUNGMANN tem dito em vários locais que os salários dos militares estão extremamente defasados, ele cita o salário de um general de 4 estrelas, que não chega ao que é inicialmente pago para concursados recém aprovados para carreiras como ministério púbico e AGU. Jungmann disse ontem que a categoria vai “resistir”.
Insubordinação da TROPA
As Forças Armadas permanecem submissas, executando as mais diversas missões, nem sempre dentro daquilo que cabe em sua função constitucional. Generais vêm sempre rechaçando qualquer insubordinação relacionada a remuneração, que há anos permanece como a mais baixa das chamadas carreiras de estado.
Há pouco mais de um ano um sargento do Exército chegou a ser preso no rio por ter se manifestado em favor de reajuste salarial para os militares e contra o absurdo salário família de 16 centavos. Algum tempo depois, após reunião promovida pelo deputado Cabo Daciolo em frente ao Congresso Nacional, onde compareceram vários militares da reserva e da ativa, o comando do Exército publicou nota interna advertindo os militares sobre as punições em caso de manifestação política-partidária.
Um teto de 5.5 mil reais corresponde a cerca de um terço do que recebe um oficial general no último posto da carreira.
Militares ouvidos pela Revista Sociedade Militar dizem que isso dificilmente seria aceito pelos generais, almirantes e brigadeiros. Se a idéia for imposta pelo governo isso certamente significara o fim do “namoro” de Temer com os Generais. As consequencias disso ninguém pode prever.
Um sargento: “_ estão arrumando sarna pra se coçar… Aparece um doido e excita a tropa… pode dar merda.”
Um oficial superior “_ …até o momento não se tem colocado dificuldades para fazer nada… mas se isso for feito acredito que o governo começará a contar com a má vontade dos militares, inclusive do general Sérgio Etchegoyen, chefe do GSI, que além de cuidar da segurança presidencial também controla a ABIN, e que, suponho, tem abastecido o presidente com informações privilegiadas”, disse.
Como pode-se observar pelo extrato do Bilhete de Pagamento de uma militar com 30 anos de serviço, na graduação de suboficial, o teto proposto por MICHEL TEMER afetaria não só militares que ocupam altos postos, mas também todos os oficias e o topo da carreira das praças.
Outro militar ouvido pela RSM disse que uma das alternativas propostas pelos comandantes poderá ser a implantação de dois “tetos salariais’, um para as praças e outros para a oficialidade. O que para ele seria lamentável, pois acentuaria mais ainda a diferença entre os dois grupos existentes nas FA, oficiais e praças.
Revista Sociedade Militar – A Revista Militar do Brasil