Nessa terça-feira muita gente que acompanha os tweets do Comandante do Exército questionou o que ele estava querendo dizer quando postou: O “controle civil objetivo” e a consequente profissionalização do estamento policial, é condição estruturante das sociedades maduras, onde o poder civil tem o dever de atender aos desejos explicitados nas urnas.
Apenas alguns minutos após a postagem surgiram várias respostas criticando o oficial.
Alguns dos questionamentos:
“Então tomem o país, o que estão esperando? Acham que 70 mil mortes no ano e crise de corrupção sistêmica é pouco?”
O comandante da Força Terrestre possui mais de 40 mil seguidores no Twitter, é razoável estimar – pelo que se percebe nos comentários de seguidores – que menos de 50% sejam civis interessados em questões militares. Contudo, quando ele fala sobre “controle civil objetivo“, o recado – nesse caso – é obviamente direcionado a militares e classe política. Além de deixar claro para subordinados sua posição sobre “politização de militares”, diz também à classe política que os desejos da sociedade não estão sendo atendidos a contento.
As afirmações de VILLAS BÔAS vão de encontro ao posicionamento externado por alguns oficiais da alta cúpula das Forças Armadas, como Hamilton Mourão e Pujol, dois generais de 4 estrelas que já se dirigiram a sociedade com discursos interpretados por alguns como espécies de convocação para manifestações e atitudes patrióticas.
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O GENERAL DE EXÉRCITO cita Huntington, em sua afirmativa sobre controle civil.
É a segunda vez em menos de dois meses que HUNTINGTON é citado nas redes sociais de VILLAS BÔAS. A postagem anterior foi: Samuel Huntington nos instiga: “A lealdade e a obediência são as mais altas virtudes militares; mas quais serão os limites da obediência?” O Estado, ao nos delegar poder p/ exercer a violência em seu nome, precisa saber q agiremos sempre em prol da sociedade da qual somos servos.”
Sobre controle civil objetivo e controle civil subjetivo
O teórico deixa claro que para ele:
- controle civil subjetivo é a maior intromissão dos militares na política. Para HUNTINGTON essa modalidade seria impraticável na medida em que militares aos poucos seriam cada vez mais politizados, com a criação de facções dentro do estamento militar e consequente manipulação dos militares pelo grupo político mais forte.
- controle civil objetivo para Huntington é a forma mais racional e eficaz e seria alcançado pela profissionalização das Forças Armadas e intensificação de esforços para que os militares se dediquem a atividades relacionadas à profissão militar, sem intromissão em assuntos políticos. A instituição de um civil como ministro da defesa foi uma ação relacionada ao estabelecimento de maior controle civil objetivo qu ocorreu no bojo da política de defesa nacional estabelecida por FHC em 1996
RAS – Editor de Revista Sociedade Militar