Artigo de opinião.
Dilma parece bastante aborrecida com as declarações que o General Heleno tem feito nos últimos dias. O general culpa a presidenta, como ela gosta de ser chamada, pelo desmanche realizado nas áreas de inteligência do país. Em suas redes sociais a própria DILMA divulga sua resposta dizendo: “Em nota, Dilma rebate declarações do senhor Heleno e aponta falhas do GSI: “A ‘inteligência’ na qual não se deve acreditar”
A ex-presidente demonstra desconhecimento das atribuições do Gabinete de Segurança Institucional, do que significa inteligência e até de como se deram fatos bastante significativos e amplamente divulgados que ocorreram durante o seu governo, inclusive com o seu próprio envolvimento.
Roussef lista momentos em que supostamente o GSI teria falhado, fala do tal grampo que revelou a todo o país a falcatrua armada com Lula quando pretendia nomear o ex-presidente (hoje preso) para a casa civil para que não fosse capturado pela polícia.
“De fato, durante meu mandato, tive várias situações de manifesta ineficácia do GSI e do sistema de inteligência a ele articulado”. Diz a ex-presidentA que continua: “Houve falha, por exemplo, ao não detectar e impedir o grampo feito ilegalmente no meu gabinete, em março de 2016 – sem autorização do Supremo Tribunal Federal –, quando foi captado e divulgado meu diálogo com Luiz Inácio Lula da Silva, às vésperas dele ser nomeado para a Casa Civil”
Dilma aparentemente não sabe, ou finge não saber, que um grampo feito com autorização da justiça não deve ser impedido pelo Gabinete de Segurança Institucional, talvez acredite que GSI e ABIN, sua subordinada direta, têm a função de proteger políticos corruptos e esconder suas falcatruas. Todavia, nem que quisesse o Gabinete de Segurança Institucional teria como detectar a escuta já que não foi feita em aparelho ligado à DILMA. Foi uma interceptação telefônica feita pela própria operadora CLARO a mando da justiça e o “grampeado” era LULA e não a presidente. Ela mente ao dizer que o tal grampo foi feito em seu gabinete quando todos sabemos que se tratou de gravação autorizada em um telefone celular que nem mesmo lhe pertencia. Ou será que ela esqueceu desse detalhe?
Vejam que Sérgio Moro deixa bem claro que o interceptado (grampeado) era o investigado (Lula): “A circunstância do diálogo ter por interlocutor autoridade com foro privilegiado não altera o quadro, pois o interceptado era o investigado e não a autoridade, sendo a comunicação interceptada fortuitamente. “
Em sua carta acusa também o GSI de ter falhado em episódios como a espionagem da NSA. Mas, a ex-presidente não menciona que se negava a se submeter a recomendações feitas pela equipe de segurança, que usava telefones comuns, não seguros e que frequentemente pertenciam a terceiros, pessoas de quem sequer sabia o nome.
Os chefes de estado usam telefones seguros. Mas usar telefones seguros também exige uma série de protocolos. Um telefone seguro, institucional, não é algo para conchavos, conversinhas, a depender das normas vigentes é até desejável que as comunicações sejam gravadas para posterior averiguação caso necessário. Afinal, o uso de equipamentos do estado é para interesse do estado. Todos sabem hoje que Dilma usava o G-mail para envio de mensagens. Isso é inadmissível para uma presidente. Chefes de estado têm que usar e-mails seguros, criptografados.
Dilma era uma presidente cheia de “segredinhos”, reuniões secretas, visitas não registradas de agentes estrangeiros etc., e deixar a coisa relaxada aparentemente era uma estratégia para fazer o que bem queria sem ter seus passos acompanhados bem de perto.
Ao ler-se a carta de Dilma tem-se também a impressão de que ela acredita que inteligência diz respeito somente à segurança pessoal de chefes de estado.
Robson Augusto / Revista Sociedade Militar
Veja abaixo o texto completo publicado por Dilma Rousseff em seu site https://dilma.com.br/inteligencia-na-qual-nao-se-deve-acreditar/
A “senhora Rousseff não acreditava na inteligência”. A declaração é do “senhor Heleno” ao assumir o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. Tal afirmação vem sendo feita pelo “senhor Heleno” em todas entrevistas dadas à imprensa. Em vista disso, é inevitável tratar do assunto.
De fato, durante meu mandato, tive várias situações de manifesta ineficácia do GSI e do sistema de inteligência a ele articulado.
Houve falha, por exemplo, ao não detectar e impedir o grampo feito ilegalmente no meu gabinete, em março de 2016 – sem autorização do Supremo Tribunal Federal –, quando foi captado e divulgado meu diálogo com Luiz Inácio Lula da Silva, às vésperas dele ser nomeado para a Casa Civil
O caso mais grave, entretanto, ocorreu em 2013, por ocasião da espionagem feita em meu gabinete, no avião presidencial e na Petrobras pela National Security Agency (NSA), a agência de inteligência dos EUA.
Os setores da inteligência brasileira não só desconheciam que a interferência vinha ocorrendo há tempo – só souberam após o caso Snowden – como sequer sabiam os meios necessários para bloqueá-la. Nem mesmo sabiam o que havia sido captado pela NSA nos referidos grampos.
Uma “inteligência” ligada à Presidência da República que não tem conhecimento, capacidade e tecnologia para enfrentar a moderna espionagem cibernética não é crível.
Na verdade, a própria defesa da soberania do país exige que nela não se acredite para que se possa tomar todas as medidas necessárias para torná-la efetiva e contemporânea. Negar tal fato só atrasa o processo.
Aliás, a falha mais recente ocorreu no governo Temer, o que evidencia que tudo continua igual no setor de inteligência. Durante a campanha, quando o atual presidente, então candidato, foi alvo de atentado em Juiz de Fora, a “inteligência” já supostamente reconstruída, desconhecia a ameaça e, portanto, não pode impedi-la.
Tais exemplos mostram que a inteligência do governo ainda não é credível.
Dilma Rousseff