Eu conheço o Olavo desde o ano 2000, quando ele fazia palestras na ECEME. Esbanjava simpatia e elogios às Forças Armadas. De repente, mudou da água para o vinho. Ficou patente para mim, a frustração de quem não conseguiu reeditar a liderança que Lacerda tinha sobre parte das Forças.
Meu pai dizia que Jânio fora o último político que o enganara e nunca confiou no Lacerda. Que liderança de direita conservadora é essa que um ano após a Revolução vai pessoalmente atrás de JK, político que enriqueceu e se tornou um dos homens mais ricos do Brasil? Que liderança de direita é essa que vai atrás de Jango também? Formou a tal da Frente Ampla, após a suspensão da eleição de 1965.
Essa direita conservadora patriota, como dá a entender Olavo, não passava de um grupo de políticos patrimonialistas e fisiológicos, liderando outros talvez idealistas, mas que eram de menor expressão. Essa ‘teoria’ do Olavo de que os militares brasileiros deixaram os comunistas tomarem conta da cultura não se sustenta, pois assim foi em toda a civilização ocidental, inclusive nos EUA. Aliás, quem exportou para o Brasil a decadência moral e a revolução socialista nos costumes foi muito mais a Europa e os EUA do que a URSS e a China. Nos países maduros e desenvolvidos, as consequências não foram tão sérias.
Eu vivi no Brasil do Regime Militar. Não era uma ditadura como insistem; e mesmo combatendo uma luta armada, mantinha um controle para a violência do Estado não extrapolar.
Basta comparar com toda a América Latina, onde em cada país houve dezenas ou centenas de milhares de mortos. Quantos jovens, hoje pais, tios e avós de tantos vocês deixaram de ser convocados pelo EB para combater guerrilhas urbanas e rurais, pois o Exército profissional cortou o mal na raiz, ao contrário de TODOS os outros do continente. Aqui não se viveu o drama daqueles vizinhos e condôminos.
Olavo, com sua alma raivosa e empáfia, ofende sem nenhuma razão
Quanto ao Mourão, acho que são os filhos do Bolsonaro e ele mesmo os maiores causadores de crises e alimentadores da mídia esquerdista. O Mourão não vejo como alguém que queira desestabilizar o governo. Se não fosse ele e os outros militares, já teríamos uma base americana no Brasil, uma nova Embaixada em Jerusalém e tantas outras idiotices. O Bolsonaro provoca sucessivas ondas desestabilizadoras com declarações infelizes e o Olavo constantemente tenta criar outras ondas. Aliás, as indicações de ministros da Educação foram bem infelizes.
Os ministros militares têm ido muito bem.
O Regime Militar terminou porque não era para ser eterno. Foi o povo quem colocou a esquerda no poder, como aconteceu em toda a América do Sul e Central. Não foi um fenômeno brasileiro como o Olavo parece não ver.
A Nação quis a redemocratização e o Exército, com todo o Poder na mão, fez a redemocratização, pois nunca deixou de repercutir os anseios nacionais.
Quanto ao conservadorismo de caricatura das Forças Armadas, não entendo assim, pelo fato de que ele nunca foi e nem tem que ser exatamente o conservadorismo de Scruton, modelo inglês, que não é igual ao americano ou ao francês. A História do Brasil é só dele e tem suas especificidades.
O artigo que você leu é a opinião de uma pessoa e não a do Exército. Não foi a Instituição que não percebeu o perigo da ascensão da esquerda. Ela sempre acompanhou, mesmo fora do poder, e não se permitiu ser infiltrada, mas quem tem que escolher seu caminho é o cidadão brasileiro, sem tutela militar.
O Olavo até já pregou golpe militar no tempo de Lula e Dilma. Com todo o conhecimento que tem, cultura e argumentos preciosos para derrubar qualquer esquerdista, é uma pena que se deixe dominar pela vaidade, arrogância, falta de educação e desequilíbrio emocional. É frustrado por não ter conseguido assumir posições com que sonhou”.
General da Reserva Luiz Eduardo Rocha Paiva
Revista Sociedade Militar – Publicado com autorização do autor
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N.E: O texto do general Rocha Paiva veio sem título, o título acima foi criado pela editoria somete para fins de estética.