Uma impressão particular e preliminar sobre a situação dos militares cariocas no que diz respeito às próximas eleições. Alguns dos nomes que podem ser candidatos militares.
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No Rio de Janeiro as eleições para vereador sempre foram bastante disputadas. A média de votos dos últimos 10 colocados que assumiram mandatos após o pleito passado foi bastante alta, cerca de 12 mil. Destaca-se que o indicado e herdeiro de Jair Bolsonaro na câmara foi seu filho Carlos Bolsonaro, que recebeu 106 mil votos em 2016.
A família Bolsonaro ao longo das últimas 3 décadas foi hegemônica na captação dos votos dos militares da ativa e reserva na capital carioca. Nos últimos anos agregou-se ao eleitorado dos Bolsonaro a sociedade conservadora, de direita etc. Com a insatisfação causada na família militar – principalmente a reserva – por conta de itens da lei 13.954/2019, conhecida como reestruturação da carreiras, muitos militares com os quais conversamos acreditam que dessa vez será possível emplacar alguns candidatos ligados às Forças Armadas tanto na capital carioca como em municípios vizinhos.
Como tudo ainda está na fase do pré… pré-candidatos, pré-campanha, preparação etc., posso apenas adiantar aqui algumas visões, uma previsão. Discorro aqui PREliminarmente apenas, e com os nomes que nos chegaram até esse momento.
Em 2016 o COMANDANTE Ribeiro Afonso, hoje diretor do DETRO-RJ, recebeu após sua campanha pra vereador 2.700 votos. Dois anos depois (2018) saltou para mais de 19 mil votos ao concorrer para deputado federal. Não fosse a concentração de votos no “irmão” de Bolsonaro, Hélio Lopes, o oficial da Marinha certamente teria sido eleito para seu primeiro mandato de deputado federal.
Para a eleição que se aproxima muitos acreditam que Ribeiro Afonso seria o melhor nome para concorrer para o cargo de vereador na cidade. Mas, pelo que soubemos, não vai participar da disputa. Tudo indica que deseja dar continuidade ao trabalho que iniciou a frente do DETRO-RJ.
Outro nome militar que recebeu expressiva votação em 2018 foi o Suboficial Bonifácio, da Marinha do Brasil. Muito popular entre seus pares, Bonifácio recebeu mais de 15 mil votos mesmo concorrendo para deputado federal sem a “bênção” de Bolsonaro, que estendeu suas mãos apenas para Hélio Lopes e – indiretamente – para um número bem restrito de nomes.
O suboficial se tornou conhecido por várias vezes, ainda na ativa, demonstrar em público e com ousadia sua indignação com a baixa remuneração dos militares das Forças Armadas. Quem acompanha a política ligada aos militares acredita que o SUBOFICIAL BONIFÁCIO tem ótimas chances nesse pleito e a impressão é reforçada porque tenderia – na opinião de alguns – a “herdar” parte significativa dos votos do comandante Ribeiro Afonso, acima mencionado.
Nome também conhecido e considerado muito forte é o de Gerson Paulo. Fundador do Partido militar no Rio de Janeiro, ao concorrer para vereador em 2016 o suboficial da FAB recebeu 1.750 votos. Gerson atuou em Brasília junto a deputados federais da base aliada de Bolsonaro e, pelo que se percebe, pode ser candidato a vereador também pela cidade do Rio de janeiro. O suboficial tem bagagem e apoio de gente experiente, foi um dos organizadores de uma campanha vitoriosa para deputado federal em 2018, tem bom trânsito e bons projetos para populações de vários locais do município, por isso já é apontado como um nome de peso, que pode vir pelo Democracia Cristã.
Da mesma Bancada Militar que trabalha o nome do Comandante Ribeiro Afonso, que cresceu absurdamente, de 1.700 votos em uma eleição para 19.000 apenas dois anos depois, podem surgir outros dois nomes fortes para a vereança carioca. São eles, Carlinhos pró-menor (PSL), suboficial da FAB e o sargento Aragão, da Marinha do Brasil, também do corpo de Fuzileiros Navais.
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Pró-menor é conhecido no Rio por suas iniciativas em favor de menores carentes e – além de outros vários prêmios – chegou a receber duas indicações para o prêmio Nobel da Paz. O sargento Aragão (PODEMOS) é o presidente da Bancada Militar e aposta que os votos das famílias militares da Marinha e Força Aérea serão capazes de emplacar os dois nomes da associação. Otimistas com o sucesso alcançado na campanha passada a associação acredita que pode emplacar dois vereadores.
Levando-se em consideração que o município do Rio de Janeiro concentra cerca de 40% dos eleitores do estado, estima-se que a família militar na cidade possua por volta de 108 mil eleitores titulares, militares da ativa ou reserva. O círculo de influência, na pior das hipóteses, pode dobrar esse número para 216 mil votos. Portanto, se a coisa dependesse somente da matemática, ter-se-ia possibilidade de eleger-se pelo menos 4 vereadores.
Obviamente não é só matemática, a coisa envolve também os votos da comunidade civil, gastos de campanha, investimento em redes sociais e construção de um discurso realmente embasado naquilo que o eleitor espera de seu representante.
Robson Augusto, jornalista, cientista social, militar Rrm. Revista Sociedade Militar