Notícias militares – Em uma manobra bastante estranha a Secretaria de Governo omitiu nos registros da reunião ocorrida em 2 de julho de 2020 o nome de dois suboficiais que participaram do encontro, que foi realizado com o objetivo de discutir os prejuízos causados pela lei 13.945 para militares graduados e pensionistas das Forças Armadas.
Assim como os generais que participaram, os militares e Advogados Cláudio Lino e Adão Farias apresentaram demandas e argumentaram sobre os problemas existentes na lei 13.954. Durante a realização da reunião ainda não havia na agenda online a listagem dos participantes, a mesma foi inserida só após o evento, como é de costume. Porém, quando a listagem foi divulgada veio já sem os nomes dos militares graduados que participaram do encontro.
A lista de
- General de Brigada André Bastos Silva – Assessor Especial do Ministro da Defesa
- General de Brigada Carlos Maurício Barroso Sarmento – Chefe da Assessoria Parlamentar do Ministério da Defesa
- Coronel Francisco Moacir – Assessor Parlamentar do Ministério da Defesa
- Vitor Saback – Assessor Especial do Ministro da Economia
- Humberto Moura – Subchefe Adjunto Executivo da SAJ
- Humberto Campus – Gerente de Projetos da Subchefia de Assuntos Governamentais da Casa Civil
- Sergio Pereira -Secretário-Executivo da Casa Civil da Presidência da República
- Bruno Bianco – Secretário Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia
- Jeferson Bittencurt – Assessor Especial Adjunto da Secretaria Especial da Fazenda
- André Boratto – Secretario Especial de Assuntos Parlamentares da Secretaria de Governo da Presidência da República
Militar bastante influente junto a parlamentares, ouvido pela Revista Sociedade Militar, acredita que a coisa e bem característica desse viés militarista do governo Bolsonaro, um “general não senta com graduado para discutir“, disse. Ficou claro que ele acha que mesmo que se sentem – como foi o caso – não admitiriam isso para que “não se abrisse um precedente e no futuro outros graduados fizessem questão também de participar de decisões relacionadas a política salarial” para os militares.
“Essa coisa de não permitir que graduados ou oficiais de baixa patente apresentem sugestões não é novidade pra gente. Durante a tramitação do Projeto de Lei 1645 a defesa não participou de nenhuma das audiências onde os graduados apresentaram suas contrarrazões, se limitaram a participar das audiências comandadas por um relator e presidente de comissão que confessaram ter sido escolhidos pelas próprias forças armadas… chegaram a ameaçar com regulamento disciplinar se dessemos opiniões que chamaram de distorcidas…“, diz um militar
A questão é bastante delicada porque envolve as bases de Bolsonaro, os militares que o “carregam” desde que foi punido pelo Exercito nos anos 80. O grupo, formado majoritariamente por graduados na reserva e pensionistas, alega que os generais receberam um reajuste muito maior do que o restante da tropa com a sanção da chamada lei de reestruturação das carreiras.
Se o governo tivesse colocado somente os nomes do General Ramos, do Senador Izalci e do deputado Vitor Hugo, personagens principais do encontro, deixando todos os outros de fora, a coisa não ficaria tão feia.
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Outro militar ouvido acha que o general Ramos ao omitir os nomes quis dificultar a apuração do que aconteceu por parte da imprensa, que na sua visão buscaria os graduados para ouvir sua posição sobre o assunto ou para saber o que de fato ocorreu na reunião.
Robson Augusto – Militar R1, Cientista Social, jornalista – Revista Sociedade Militar