A Força Naval conta atualmente com 10 navios escolta sendo 7 fragatas e 3 corvetas, com previsão de construção de mais 4 corvetas pelo “Projeto Tamandaré”. Há quem considere, entre os profissionais da nossa MB, como número ideal, entre 12 e 16 navios escolta. Com exceção da Corveta “Barroso”, todos os demais navios escoltas serão retirados do serviço ativo até o ano de 2025. Ë de se perguntar, por que não são mantidas as belonaves veteranas de forma, a pelo menos, se ultrapassar o mínimo e se aproximar do máximo visualizado pelos especialistas como sendo a quantidade ideal? Não seria o caso de um planejamento visando sua repotencialização, no mesmo estaleiro das quatro novéis corvetas, de forma a nivelá-las às novas previstas para daqui a cinco anos? Nesse interregno, como pretende a MB fazer frente à uma incursão repentina, sobre o pré sal, de uma esquadra pertencente à um dos “5” membros permanentes do “CDS/ONU”?
Em realidade, muito mais imperativo é buscar, para ontem, condições mínimas, com o que se dispõe ou se pode dotar, no mais curto prazo, para o enfrentamento de uma situação periclitante, que não tem prazo para eclodir, podendo se concretizar da noite para o dia. Para a nossa Marinha, essas condições passam, obrigatoriamente, nem tanto pelo aumento do número de suas belonaves, mas, em particular e principalmente, pelo incremento vital do poder de fogo de seus atuais navios de escolta, atualmente sub armados, e que, “pelo navegar da barcaça”, vão continuar assim na medida em que, mesmo os em construção, não disporão de armamento vetorial dissuasório do mesmo nível dos mais do que prováveis oponentes.
Segundo a fonte “Defesa Net”, durante a “Guerra Fria”, as principais marinhas do mundo possuíam grande quantidade de meios, e estes eram retirados de serviço, em média, com duas décadas de utilização, o que garantia uma vida residual de cerca de 20 anos, possibilitando assim que marinhas com orçamentos reduzidos adquirissem esses meios. Com o fim da “Guerra Fria”, os tradicionais fornecedores de navios de “segunda-mão” reduziram drasticamente o número de escoltas em seus inventários. Além disso, passaram a utilizar esses meios por 30 ou mais anos, criando uma espécie de escassez de meios disponíveis no mercado. Por outro lado, os escoltas novos, devido a sua grande sofisticação, possuem um custo de aquisição bastante elevado, fazendo com que as marinhas com orçamentos reduzidos não consigam construí-los em quantidades adequadas às suas necessidades, ou então sejam obrigadas a sub armá-los.
Mais uma razão para se armar primeiro os navios de que dispomos com poder de fogo superior, vetores de cruzeiro fabricados pela AVIBRAS, pelo menos até 2025, quando, pelo que se diz, serão incorporadas as belonaves novas, todas, é o que se espera, dispondo desse armamento alado imprescindível, e isto para se começar a pensar em dissuasão extrarregional. Quem viu na “TV” o lançamento do foguete norte coreano emergindo ameaçadoramente do fundo do mar sabe muito bem do que se está falando.
Que seja enfatizado, o atual Programa de Reaparelhamento da Marinha (PRM) prevendo a obtenção, por construção, de somente quatro navios escolta até o ano de 2025, é claramente insuficiente para substituir os 10 navios que serão desincorporados nesse período. Desta forma, somá-los aos veteranos, desde que todos sejam dotados com mísseis e foguetes de cruzeiro, com certeza, será de substancial significado para manutenção/evidência do almejado estágio de dissuasão extrarregional.
Uma verdade é clara, indiscutível e insofismável, as grandes potências militares jamais venderiam belonaves com o seu aparato de mísseis e foguetes. Mas “comprar” é linha de ação podre! Aliás, é bom que se repita, “ganha guerras quem vende e não quem compra armamentos”. Comprar refugo! Já bastam os “LEOPARD” e “GUEPARD” da vida, priorizados para o enfrentamento dos “HERMANOS” no cone sul… meu Deus do céu! E os guerreiros de selva que ainda patrulham igarapés em “caixões flutuantes” de alumínio! Comprar no “TIO SAM” então seria um baita retrocesso!
Paulo Ricardo da Rocha Paiva
Coronel de Infantaria e Estado-Maior