Segundo estimativas de alguns presentes à manifestação dos graduados das FORÇAS ARMADAS que ocorreu nessa terça-feira em frente ao Ministério da Defesa, compareceram de 300 a 350 militares ao ato.
Embora o número possa parecer pequeno, não é. Militares das Forças Armadas não têm qualquer familiaridade com protestos de rua, manifestações e coisas do tipo, o fato de terem colocado trezentas pessoas em frente ao Ministério da Defesa é algo histórico, desde os anos 60 que a categoria não se movimenta dessa forma e ao que parece isso é só o início de uma grande reviravolta. Ficou evidente o constrangimento dos membros do ministério diante da manifestação, que sem duvida inaugura uma nova era no que diz respeito à mobilização política e participação das camadas base das Forças Armadas em decisões sobre salários e carreiras, coisas que afetam diretamente o seu quotidiano e que – diferente de assuntos internos das forças – são temas públicos e discutidos pelo congresso NACIONAL.
Ouvido pela revista um dos presentes, subtenente do Exército, disse: “finalmente a democracia chegou até os graduados, daqui pra frente vai ser assim, vamos denunciar tudo, colocar tudo nas redes e lutar para que a cúpula não extrapole o que a hierarquia e disciplina lhe permite”.
Durante o ano de 2019, quando se ouviu falar em manifestações de graduados, o Ministério da Defesa divulgou notas advertindo sobre o que chamava de “manifestações coletivas”, na ocasião os militares recuaram. Ao que parece retornaram agora com mais coragem e juridicamente embasados, vários mencionam a lei que garante a militares da reserva o direito de se manifestar politicamente.
Palavras de ordem e discursos interessantes surgiram do carro de som posicionado no local, a maioria criticava os generais, criticando-os por ter deixado parcela da tropa com um reajuste bem menor do que o concedido para a cúpula. Uma das lideranças do evento, Ivone Luzardo, foi bastante procurada pela mídia e expôs seguidas vezes os problemas que levaram os militares a se manifestar.