_ Eis que o Ministério da “Defesa” anuncia sobre míssil de “longo” alcance que está em fase final de desenvolvimento. Atenção! Alerta! Perigo! Aumentar do irrisório alcance do AVM- 300 km para, apenas, 300 milhas, equivalentes a tão somente 480 km, um rojão de meia pataca que, se lançado de Vitória/ES não atinge Salvador/BA (distantes 839 km), é continuar se enganando com perfumarias que não vão resolver nada em termos de dissuasão extrarregional. Precisamos nos precaver, além das possibilidades de uma armada que se aproxime agressiva pelo Atlântico Sul, também, face às bases/campos de pouso construídos pelos EUA nos países que fazem fronteira com o Brasil.
_ Com relação às “2” bases assinaladas no Paraguai, a distância da capital gaúcha até Assunção (824 km) permite inferir que uma bateria de ASTROS II em Rio Grande/RS, desde que dotada de com mísseis VDR-1500/2500, possa ameaçar, com real grau de dissuasão, estas instalações “yankees”, podendo causar danos consideráveis em suas estruturas. Que se diga, o Exército precisa levar a sério essas instalações militares extrarregionais e, bem antes de consumada o aquartelamento de um grupo/unidade em Rio Grande/RS, fazer deslocar uma bateria de ASTROS II, que seria acantonada no 6º Grupo de Artilharia de Campanha, sediado naquela cidade, de forma a, no mais curto prazo, disponibilizar um mínimo de meios capazes de intimidação. Considerar que, doutrinariamente, um grupo pode enquadrar de três a cinco baterias. Mas por que em Rio Grande/RS? Porque desta cidade gaúcha se pode precaver também, em grande profundidade, com relação às ameaças que por um acaso sejam provenientes do extremo sul do continente (atentar para a base que o então Presidente Magri estaria para ceder aos EUA em UCHUAYA na Patagônia).
_ No seguimento, considerando as bases no semiarco Bolívia (com”2″ bases) – Peru (com “4” bases), e as distâncias aéreas Porto Velho – La Paz (977 km) e Porto Velho – Lima (1484 km), é de se pensar que o aquartelamento de uma bateria de ASTROS II nas imediações da capital do estado de Rondônia, com material de alcance 1500/2500 km, possa ameaçar, com real grau de dissuasão, estas instalações “yankees”, podendo causar danos consideráveis em suas estruturas. Todavia, bem antes de consumada a criação de uma unidade em Porto Velho, no mais curto prazo, é preciso ser deslocada para aquela guarnição uma bateria de ASTROS II, que seria embrionária do respectivo grupo, de forma a disponibilizar, no mais curto prazo, um mínimo de meios capazes para intimidação. Atenção! Alerta! Perigo! Não se precaver quanto à essas bases de “Tio Sam”, neste semiarco, é viabilizar, sem a mínima condição de retaliação, a decolagem de meios aéreos hostis muito bem eixados para Brasília/DF.
_ Já no semiarco Colômbia/Venezuela/Guianas, os campos de pouso assinalados se inserem no significado ameaçador das suas localizações em países com laços ainda bem fortes com as antigas metrópoles das guianas, estas partícipes da União Europeia, todas integrantes da “OTAN”. Este fato dominante exige o aquartelamento de uma bateria de ASTROS II em Boa Vista/RR com material de alcance 2500 km, máxime se atentarmos para o fato de armadas daquela organização que podem, cerrando para o litoral daqueles territórios pelo Mar do Caribe, utilizá-los como excelentes cabeças de ponte para uma intervenção, seja em Roraima seja no Amapá.
Para que se tenha uma ideia, se consideradas as distâncias aéreas de Boa Vista/RR: até Bogotá (1548 km), até Caracas (1100 km), até Georgetown (524 km), até Paramaribo (530 km) e até Caiena (956 km), a bateria com material de alcance 2500 km nos permitiria bater inclusive as armadas das grandes potências militares que cerrassem atrevidas para o derrame de meios terrestres em demanda/rumo à nossa calha norte. Todavia, bem antes de consumada a instalação de um grupo em Boa Vista/RR, no mais curto prazo, precisa ser aquartelada uma bateria de ASTROS II no 10º GAC de Selva sediado naquela cidade, de forma a disponibilizar um mínimo de meios capazes para intimidação de um provável inimigo que se aproxime do dito semiarco.
_ Concluindo sem dúvida alguma, o alcance do estágio de dissuasão extra regional, no mais curto prazo, passa pela disponibilidade, em caráter urgente e emergencial, de meios de foguetes e mísseis, pelo Exército, em condições de bater inclusive as bases alienígenas de potência extrarregional que ameaçadoramente nos rodeiam, instaladas, paradoxalmente, em países latino americanos que se dizem adeptos de um sistema de segurança para o subcontinente.
_ Em verdade, esta capacidade dissuasória não é tão difícil de ser alcançada, bastando para isso priorizar, em primeiro lugar e como de maior importância, entre os “7” projetos ditos “estratégicos” da Força Terrestre, o projeto ASTROS II com mísseis de cruzeiro que alcancem 1500/2500 km”. Sem desmerecer os demais projetos, o de “foguetes e mísseis de cruzeiro”, já dispondo de “KNOW HOW” pelo desenvolvimento do “AVM-300km”, constitui a própria garantia para se atingir (chegar ao bom termo) sem interrupções os objetivos dos demais, todos de prazos muito dilatados para sua consecução.
– O aquartelamento de mais uma bateria de ASTROS II (apenas 15 viaturas) nas guarnições de Rio Grande/RS, Porto Velho/RO e Boa Vista/RR não implica em gastos maiores uma vez que se pode aproveitar a estrutura das organizações militares já existentes naquelas cidades. Resumindo, o Projeto Astros II, para ter significado definitivo, em termos do binômio dissuasão extrarregional/defesa antiacesso, impõe o desenvolvimento de vetores de cruzeiro que atinjam bem além das 300 milhas/480 km, sendo o mais importante e de prioridade “1” para lograr este desiderato
Paulo Ricardo da Rocha Paiva / Coronel de infantaria e Estado-Maior
Outros artigos desse autor na Revista Sociedade Militar