Quem ainda se lembra do cavaleiro, escudo e lança da moralidade pública, Dom Quixote a cavalo inimigo feroz da chamada, por ele mesmo, de “velha política”, adversário declarado do CENTROLÃO do “toma lá dá cá”? O falso moralista, reveladoramente sem escrúpulos, está agora oferecendo mundos e fundos para a mesma politicalha que tanto criticou durante seus muitos anos de parlamentar, mascarado por detrás de uma falsa imagem de verdade, probidade e responsabilidade, três pilares da formação do Cadete de Agulhas Negras.
Sim, muitos de nós fomos enganados. Civis que votaram nele, mas, também, um monte de militares que, como eu, resolvera olvidar a vida pregressa de um indivíduo comprovadamente desvocacionado para uma militância permanente de ingentes sacrifícios onde se cultua, acima de tudo, a honra e o caminho do dever. E não faltaram avisos, fatos marcantes, lances inolvidáveis de falta de pendor para palmilhar a carreira das armas: exercício de liderança equivocada junto aos oficiais subalternos; tratamento agressivo dispensado aos camaradas seus contemporâneos e “irmãos em armas”; falta de lógica, irracionalidade, desequilíbrio de argumentação, contra indicações que continuam sendo evidenciadas, mas agora tiranicamente agravadas haja vista a suprema dignidade do cargo nacional maior que ocupa.
Imaturo inveterado, ambição política sem limites focada no ganho pessoal, radicalismo exacerbado e irresponsável, o atual comandante-em-chefe de nossas “Desarmadas” Forças, mal conceituado pelos seus superiores imediatos e oficiais de mais alta patente em sua curta passagem pelos quartéis, como tenente e capitão, tem contribuído para sua desmoralização, fato lamentável que só interessa aos “comunas”, agravado por um mau militar que saiu do Exército Brasileiro pela porta dos fundos. Realmente vossa excelência não faz jus ao posto que muitos julgam, inclusive eu, como “ö mais bonito do Exército do Duque de Caxias”.
Sim, não há como desdizer, os brasileiros viram e ouviram o que o chefe da nação estampou em imagem televisionada recentemente: – “A gente pode levar muita coisa avante, quem sabe até ressurgir alguns ministérios. Alguém pode falar: – Ah, criar ministério novo! Só o tamanho do Brasil é maior que toda a Europa Ocidental todinha”. E daí presidente enganador, “o que tem a ver os alhos com os bugalhos”. Nós não somos tão idiotas para engolirmos uma sandice deste calibre. Pelo menos, respeite a capacidade de julgamento do seu povo vilipendiado.
Paulo Ricardo da Rocha Paiva
Coronel de infantaria e Estado-Maior
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