“O antigo poder de respeito da Marinha Imperial precisa prevalecer
INSTITUIÇÃO ARMADA OU INSTITUTO DE PESQUISA
sobre a fragilidade atual da força naval desta república do sassarico”
A Diretoria Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da MB constitui o Órgão de Direção Setorial com a missão de planejar, orientar, coordenar e controlar as atividades nucleares, científicas, tecnológicas e de inovação, atuando como centro executivo do Sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação da Marinha. Até aí tudo bem. Mas, e daí? Quais as expectativas do Programa Nuclear da Marinha para 2021, quais os desafios que se impõem em termos de ganhos dissuasórios, qual é a contribuição dos Programas Estratégicos da Força naval para a Defesa do País?
A pergunta que, recorrente, não quer calar, é: – “Em que, por si só, o domínio do ciclo do combustível nuclear e da tecnologia aplicada a reatores de potência vai contribuir para o exercício da soberania ao longo das tais 200 milhas sobre o Atlântico Sul adjacentes à linha de costa? Por um acaso, as nossas belonaves, mesmo propulsadas por reatores nucleares, representam algo de significativo, se não estiverem armadas no mesmo nível das grandes potências navais? Nossos “escoltas” vão poder atingir os do inimigo em iguais condições de distância útil de disparo e carga? Nossos filhos e netos marinheiros contam com alguma chance de vitória?
Muita “conversa para boi dormir” quer para o projeto de construção da plataforma capaz de embarcar um reator, quer para dispor-se de elemento combustível, cujo domínio do ciclo até então representava uma incógnita. Para solucionar questões eminentemente técnicas, sem nenhum significado no espectro defensivo dissuasório, é criado o Programa Nuclear da Marinha com celebração, ainda em 1981, de acordo com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares para o desenvolvimento de sistema de propulsão nuclear, iniciando-se pela construção de reator de pesquisa de baixa potência no Campus da Universidade de São Paulo.
Resumindo, muito falatório sobre propulsão, porém, sem nenhuma novidade digna de nota sobre poder de fogo valorado em sua verdadeira grandeza. Parece mais um assunto de “Fórmula 1” nas profundezas marítimas. Uma verdadeira psicose no melhor estilo “velozes e furiosos”, como se os vencedores fossem os mais espertos no jogo rápido do pique/esconde. Alerta!
O alto comando naval não pode se contentar apenas com a ‘água no joelho’, a “sereia dos olhos de ouro” da Força Naval deve ser seu poder de fogo. Não, não, em absoluto, canhão BOFORS 40 Mk4, canhão LEONARDO 76/62, míssil antinavio com alcance de 70 km, estas armarias limitadas não somam nada para afugentar as belonaves dos todo poderosos “bucaneiros” navais, armadas com mísseis balísticos de cruzeiro!
Concluindo, que seja dito, a pesquisa tecnológica não dissuasória não pode prevalecer sobre a razão de ser de uma Instituição Armada. Avaliações de supérfluos, testes de complementos, sensores, cascos, diga-se de passagem, sem nenhum ganho defensivo estratégico capaz de lançar algo definitivo por sôbre as belonaves das poderosas frotas navais, que não estão nem aí para nossas perfumarias de ocasião, não poderiam ser supervalorizadas. Chega de maquiagem! A Armada é muito mais do que um instituto de pesquisas! Marinha Sempre! Brasil Acima de Tudo!
Paulo Ricardo da Rocha Paiva
Coronel de infantaria e Estado-Maior