Compilação de extrato da matéria na fonte https://www.forte.jor.br/2021/03/28/uma-proposta-para-a-reestruturacao-das-forcas-blindadas-do-exercito-brasileiro/
O senhor Bardini (não sei se é militar), leitor do Blog Força Terrestre, assim se expressou: _ “Tocaram no assunto de reestruturação … No meu entendimento, o caminho para uma profunda reestruturação do Exército, seria mais ou menos por aqui: Nas imediações do Forte Santa Bárbara, construir toda a estrutura para abrigar uma Brigada Pesada completa, fechadinha com tudo o que precisa para existir e operar. Seria uma força com capacidade de logística expedicionária e robusta, para ser desdobrada para qualquer ponto do Brasil em caso de necessidade, já que o Brasil é uma “ilha”, a força ficaria no meio dessa “ilha”. Uma brigada de cavalaria blindada seria retirada do Sul para isso. A outra seria completamente extinta e o pessoal remanejado.”
COMENTÁRIO – Depreende-se que a 5 ª Brigada de Cavalaria Blindada seria retirada de Ponta Grossa/PR. A outra seria a 6 ª Brigada de Infantaria Blindada de Santa Maria/RS, que seria extinta com o seu efetivo remanejado. Há que se realocar, desta feita, as unidades/subunidades orgânicas da grande unidade a ser extinta, pelo entendido, para a 5 ª Brigada de Cavalaria Blindada, de molde a compor a Brigada Pesada visualizada por Bardini.
BARDINI – Formosa tem muito espaço para treinar. Goiás isenta de impostos empresas de defesa. O terreno comporta um MBT “de verdade”. O Forte seria protegido pelo 1º GAAAe perto dali. Os KC-390 ficam perto. Teria opção de ferrovia não muito longe dali, para ir para Norte ou Sul. Muito complexo para um agressor da América do Sul chegar ali.
COMENTÁRIO – Em dúvida com relação: ao significado da sigla MBT; até quantos blindados (VBTP/CC) o KC-390 transporta, implicando em número de vagas para transporte das subunidades. Em concordância quanto a ferrovias, na medida em que a distância é muito grande, além da remotíssima hipótese de guerra com qualquer dos países latino americanos, máxime com os que conformam o cone sul do subcontinente por força de tratados consistentes.
BARDINI – O EB vai ter que gastar muito dinheiro para trocar de família de blindados na marra, então que se coloque um pouco mais acima e faça algo mais profundo. Não faz sentido manter essa estrutura velha que temos para conter/balancear a ameaça de uma Argentina que não existe mais, sendo que as fronteiras estão consolidadas. É dinheiro jogado fora, que está fazendo falta a décadas em outros braços da força que necessitam ser renovados constantemente.
COMENTÁRIO – Concordando quanto ao “não perigo” representado pela Argentina e ao “dinheiro jogado fora”, em particular e principalmente, com projetos chamados de estratégicos, mas, porém, contudo, todavia, entretanto, que não somam absolutamente nada em termos de um real e contundente poder de fogo capaz de fazer o inimigo desistir da luta. Muito antes da reestruturação da força blindada, faz-se mais do que necessário, hoje, agora, para ontem, providenciar, de forma urgente e emergencial, a disponibilização para arma de artilharia de VPTF com vetores balísticos de cruzeiro, sem limite de carga, de forma a guarnecer, no mais curto prazo, o arco de defesa alada entre Tabatinga/AM e Rio Grande/RS.
BARDINI – Outro foco de mudança seria transformar de vez as quatro Brigadas de Cavalaria Mecanizada em Brigadas Médias, com caráter de Armas Combinadas. Estas estruturas seriam mais independentes e agregariam o fator mobilidade estratégica e rápida resposta a um evento. Essas estruturas seriam equipadas com blindados sobre rodas. Foco: mobilidade estratégica e, em caso de agressão, “ganhariam tempo” para desdobrar a Brigada Pesada no TO e posteriormente apoiariam a mesma. Ficariam 2 no Rio Grande do Sul, 1 no Paraná e 1 em Goiás.
COMENTÁRIO – Depreende-se: que seriam mantidas no Rio Grande do Sul as brigadas de cavalaria mecanizada: 2ª em URUGUAIANA e 3ª em BAGÉ; que a 4ª de DOURADOS/MS seria deslocada para Goiás e que a 1ª de SANTIAGO/RS seria deslocada para o Paraná. Salvo melhor juízo, a coordenação da “Campanha Por Uma Nação Armada” é de parecer que a 15 ª Brigada de Infantaria Mecanizada de CASCAVEL/PR enseje/vislumbre o deslocamento da 1ª de SANTIAGO/RS para BELA VISTA/RR, esta que enquadraria mais RC Mec aquartelado naquela cidade, para emprego nas savanas existentes no estado, liberando assim a 7 ª Brigada de Infantaria de Selva para emprego nas descomunais reservas indígenas adjacentes à linha da fronteira.
Quanto à transformação das “quatro Brigadas de Cavalaria Mecanizada em Brigadas Médias, com caráter de armas combinadas, a coordenação da “Campanha Por Uma Nação Armada” visualiza tão somente, como solução mais simples e imediata, apenas acrescer”1” (um) batalhão de infantaria mecanizada a cada uma das 4 grandes unidades de cavalaria mecanizada já existentes (que manteriam a denominação Cavalaria Mecanizada), o que não contraria a doutrina, na medida em que brigadas podem enquadrar até mais duas unidades.
CONCLUSÃO – Como pode se constatar, a visualização da reestruturação de nossas forças blindadas está toda voltada para o território brasileiro, por isso mesmo, em contraposição à doutrina da ofensiva perseguida pelos notórios “predadores militares”, cabendo, tão somente, em coerência com nossa postura de absoluta observância do direito internacional, opor uma poderosa e dissuasiva estratégia defensiva de autopreservação. Esta verdade clara, indiscutível e insofismável subentende que o aparato blindado/mecanizado do EB só deve ser empregado se um poderoso oponente extrarregional lograr uma invasão por sobre a calha norte do Rio Amazonas ou um desembarque bem sucedido em nosso litoral/costa, possibilidade só admitida se a nossa artilharia, mais o poder de fogo da Esquadra, não cumprirem a sua missão de, pela dissuasão, fazer o inimigo desistir da luta.
Paulo Ricardo da Rocha Paiva
Coronel de infantaria e Estado-Maior / Revista Sociedade Militar
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