No Blog Defesa Net uma publicação recente se reporta sobre atualidades militares e estratégicas do Brasil, focando na Víatura Blindada de Combate de Cavalaria (VBC Cav) e se referindo à mesma como sendo ö ”projeto mais estratégico da atualidade”.
Consultando no dicionário sobre o significado do termo “estratégico”, encontramos o seguinte: que pertence ao âmbito da estratégia; que contém estratégia, planejamento estratégico; que é ardiloso, hábil, astucioso. É de se perguntar o que uma VBC CAV comum, cujo armamento principal é um canhão de calibre mínimo de 105mm, tem de tanto especial para superar o nível tático. As vezes chego a conjeturar sobre o grau de divagação de que é capaz a mente que vive absolutamente fora da realidade, a imaginar o quanto se pode “dourar uma pílula’ sobre uma viatura dotada de armamento sem nenhum efeito dissuasório.
A mesma fonte especifica que: “o EB precisa concluir nesse ano o seu projeto mais importante, que é o Víatura Blindada de Combate de Cavalaria (VBC CAV); que o mesmo vai trazer mobilidade estratégica e poder de fogo às unidades blindadas e mecanizadas. Será um dos maiores instrumentos de dissuasão à disposição da Força Terrestre, além de fundamental para escoltar comboios mecanizados em missões de paz.
A escolha tem que ser profissional e operacional, o que significa, não comprar protótipos, não escolher gambiarras.” É de se indagar o “porque” dessa importância transcendental! Mobilidade estratégica e poder de fogo de unidades blindadas e mecanizadas, para nós, só serão necessários após o inimigo lograr um desembarque bem sucedido em nosso litoral/costa. Que seja dito, pensar em projeção de poder, integrando coalizões imperialistas no Oriente Médio está fora de cogitação para nossos interesses únicos de defesa territorial e garantia incólume de nossa soberania. Em sendo assim, as VPTF ASTROS II, devem anteceder com absoluta prioridade as VBCCAV para defesa de uma extensa fronteira terrestre e face à um respeitável litoral/costa.
No segmento a fonte se reporta à “aquisição de projetos, protótipos ou adaptações de veículos desenvolvidos para outras missões, que além de custar mais caro e possuir custos não recorrentes que podem extrapolar o orçamento do Exército no médio e longo prazo, nunca chegará ao seu fim e nunca vai ser igual aqueles totalmente desenvolvidos para cumprir missões específicas.” Mas que outras missões específicas são essas, com potencial de se sobreporem à missão principal de defesa territorial face aos poderosos e mais do que declarados oponentes extrarregionais, sim, aqueles que vão se agigantar provenientes do exterior, ou por terra ou pelo mar? GLO? Missões de paz? Por Deus! É preciso se ligar!
E prossegue a dita fonte, “quando falamos em chegar ao fim, falamos num projeto maduro que passou por todas as certificações, foi homologado e exaustivamente testado e avaliado para cumprir missões em ambiente de guerra É assim que esperamos que o VBC CAV seja. Uma vez selecionado e uma vez produzido e entregue ao operador, rapidamente esteja pronto para cumprir missões operacionais de extrema complexidade.” É brincadeira! Não dá para acreditar! Temos uma necessidade mais do que vital de VPTF ASTROS II para o lançamento de mísseis balísticos de cruzeiro e se continua “navegando na maionese” de uma VBC CAV sem nenhum efeito dissuasório. Realmente! “Com todas as honras e sinais de respeito”, mas parece o quixotesco “Exército de Brancaleone”!
Finalizando, a fonte acentua que “o Exército precisa dizer o que quer, do contrário vai receber o que não quer e vai ter que pagar três contas muito caras. A primeira é o preço da aquisição; a segunda é o custo de operação; e a terceira, um preço talvez mais alto ainda, quando se precisar usar em combate o veículo, descobrir que ele não serve para a missão atribuída. Por isso, a escolha da melhor plataforma para o VBC CAV não é difícil.” No contraponto, “na posição de sentido e com a mão na pala”, é necessário que se afirme: “o Exército precisa gastar primeiro com o que realmente importa para cumprir a contento sua missão principal de defesa da Pátria, sob pena de seu alto comando vir a pagar caro sua, até o presente momento, tirânica passividade em face de suas carências mais prementes.
Paulo Ricardo da Rocha Paiva / Coronel de infantaria e Estado-Maior