Em 19 de maio de 2022 completou-se mais um ano da morte do Cabo Fuzileiro Naval Aladarque Cândido dos Santos, que tinha 28 anos de idade e servia destacado na Missão de Verificação das Nações Unidas em Angola III.
Segundo apurado por esta revista, poucos militares da Marinha já ouviram falar do Aladarque, ainda que seu nome esteja inscrito no Memorial dos Fuzileiros Navais mortos em combate, que fica na entrada da Fortaleza de São José.
Dos militares que foram ouvidos pela Revista Sociedade Militar nenhum soube esboçar com detalhes o que aconteceu, mencionam que “morreu em missão na África“. Não lembram também de qualquer homenagem militar ou menção feita ao mesmo nos últimos anos.
A cidade de Campinas (SP) homenageou o militar batizando uma rua com o seu nome. O ato foi concretizado por meio da Lei nº 9.591 de 06 de Janeiro de 1998 do Município de Campinas e de autoria do vereador Francisco Sellin. É a rua Cabo Aladarque Cândido dos Santos, onde moram pessoas humildes, trabalhadoras e honestas, com algumas da qualidades que amigos encontravam no personagem que deu nome ao logradouro.
A missão em Angola era muito difícil, os militares brasileiros passavam bastante tempo sem comunicação com seus familiares no Brasil e as ligações na época eram custeadas pelos próprios militares, realizadas pelo famoso inmarsat. Servindo à Organização das Nações Unidas tinham no local a missão de zelar pela garantia de um cessar fogo entre duas facções extremamente violentas na perigosa angola dos anos 90, que completava mais de 30 anos em guerra.
Na época apurou-se que o cabo poderia ter sido morto por vingança de bandoleiros. Aladarque Santos integrava uma patrulha que impediu um caminhão de ser saqueado por assaltantes. Houve uma troca de tiros e os assaltantes acabaram fugindo, com exceção de um, que quase foi linchado.
A morte ocorreu no dia seguinte, 19 de maio de 1997, ele foi atingido mortalmente por três tiros, quando participava de patrulha que dava segurança a um comboio humanitário na mesma região. Segundo militares que estiveram no local pouco depois, a viatura Toyota Bandeirante, foi alvejada em um local onde eram obrigados a reduzir a velocidade para transpor uma linha férrea, os projeteis foram disparados de pelo menos três posições de tiro. Na mesma ação, o cabo do Exército Samuel Sobrinho Correia foi ferido gravemente.
Aladarque dos Santos foi promovido post-mortem a terceiro-sargento, foi enterrado no cemitério Jardim da Saudade, em Edson Passos, distrito de Nova Iguaçu – RJ.
Além da mulher, Adriana, o cabo Aladarque deixou duas filhas, Andressa e Amanda.
Fontes:
Entrevista com militares da reserva remunerada do corpo de fuzileiros navais
Folha de São Paulo de 22 de maio de 1997. Em https://acervo.folha.com.br//leitor.do?numero=13527&anchor=265012&pd=06a7242ace0ff74135cbff262e2b4138
Revista Marítima Brasileira nº 136, 2016. SANTOS,Wellington Corlet dos.
Depoimento de militar
J. Machado:
” Eu o conhecí bem, o ví chegar garoto ao Pelotão de Saúde do Batalhão Riachuelo, 1° Btl de Inf dos Fuzileiros Navais. Era um excelente massagista e me colocava a coluna no lugar, sempre que necessário.
Foi a mais triste missão que recebí na minha carreira militar.Uma manhã cheguei ao quartel, ainda em trajes civil, o Comandante Dantas, Imediato do Btl me chamou a sua sala e me falou exatamente isso: “Toma café, põe o uniforme branco que você vai acompanhar a Assistente Social, o Capelão e o Comandante à casa do CB Aladarque, porque ele foi morto essa manhã em Angola.” Eu era à a época o mais Antigo da Seção de Saúde do Btl. Era um cara de um caráter único, sempre com um sorriso no rosto e uma piada pronta. Vimos muitas vezes durante almoço de confraternização, desafiar os Fuzileiros Americanos, na queda de braço, e ele vencia sempre os poderosos. Numa ocasião após vencer os Americanos, subiu e andou sobre as mesas..por dever e por justiça, faço esse depoimento.Ao Cabo Ef Aladarque meu BRAVO ZULU..!! “