Por ocasião das últimas eleições no Brasil, houve momento em que o nome de Nicarágua, Daniel Ortega, foi bastante usado por apoiadores de Bolsonaro como arma de ataque contra membros do Partido dos Trabalhadores, principalmente o então candidato à presidência Luís Inácio Lula da Silva.
Na última década houve uma certa ascensão dos evangélicos no país, tornando-se esta fatia da sociedade uma espécie de fiel da balança, não devendo, portanto ser desprezada por quem almeja o sucesso na eleição.
Pois bem, sabe-se que Lula e Ortega são velhos amigos, ao passo que a Nicarágua passava então por um momento de perseguição religiosa. Dezenas de sacerdotes, inclusive, foram levados à cadeia como terroristas. Buscava-se, pois, uma declaração de repúdio do candidato petista às atitudes de Ortega e o compromisso de afastamento da relação com o velho amigo em caso de vitória na eleição. Ortega era persona non grata.
Reviravolta
Mas, como diz o velho ditado: o mundo dá voltas. Nos últimos dias, acompanhamos na grande mídia e nas redes sociais os ataques que explodiram em Brasília promovidos por bolsonaristas fanáticos, chegando mesmo no interior das instituições mais importantes da República: o Planalto, o Congresso e o STF.
As notícias e imagens dos eventos ocorridos em Brasília viajaram o mundo, levando diversas autoridades a emitirem opinião sobre o ocorrido. Uma das autoridades a deixar a sua opinião foi nada mais, nada menos que o ditador Daniel Ortega, que aproveitou a situação para igualar os presos políticos de seu país aos baderneiros participantes dos ataques ao Capitólio, nos Estados Unidos, e à capital do Brasil.
Foi uma excelente maneira de justificar a manutenção do regime autoritário que comanda.