O famoso “gabinete do ódio” de que tanto se falou por quatro anos e sobre o qual nunca ninguém soube mais do que o apelido parece estar se revelando como um discreto GC (grupo de combate, no jargão militar) e, ao que as últimas investigações sobre o 8 de janeiro indicam, sediado no Palácio do Planalto.
Em dezembro do ano passado, o primeiro sargento da Marinha Ronaldo Ribeiro Travassos, lotado no GSI, foi objeto de um requerimento assinado pelo PT e direcionado à Câmara dos Deputados pedindo a convocação do ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, para prestar esclarecimentos sobre a suposta transgressão disciplinar do sargento Travassos.
De acordo com a Folha de S. Paulo, Travassos gravou e divulgou nas redes sociais material incitando os apoiadores de Jair Bolsonaro para os atos em frente às organizações militares. O sargento disse ainda que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva não tomaria posse em janeiro, e instigava o assassinato de seus eleitores. O sargento é militar da ativa e trabalhava diretamente com o general Heleno.
O jornal Estado de São Paulo divulgou um tuíte do coronel José Plácido Matias dos Santos. Em sua postagem, o militar ameaça o ministro da Justiça, Flávio Dino. O coronel é da reserva, mas também (assim como o sargento da Marinha) trabalhava diretamente no GSI, ocupando cargo de confiança.
Porém, o que de fato acendeu a luz vermelha na alta cúpula da caserna não foram tanto as tuitadas mal-educadas do coronel dirigidas às autoridades civis, mas sim uma postagem feita por ele no dia 8 de janeiro e dirigida ao comandante do Exército, general Júlio César de Arruda.
Nela o coronel incita o comandante a desobedecer a vontade democrática do povo e a se insubordinar contra o presidente Lula.
“General Arruda, o Brasil e o Exército esperam que o senhor cumpra seu dever de não submeter às ordens do maior ladrão da humanidade”, publicou na primeira postagem.
Também dirigiu-se às Forças Armadas: “Brasília está agitada com a ação dos patriotas. Excelente oportunidade para as FA entrarem no jogo, desta vez do lado certo. Onde estão os briosos coronéis com a tropa na mão?”
Segundo a CNN, o Exército Brasileiro informou que tais fatos novos surgiram no dia 19 de janeiro. O EB afirma que a conduta do oficial será apurada e que não se descarta abertura de sindicância ou de inquérito policial militar (IPM).
Se o mínimo para compor um “gabinete do ódio” for dois militares, as buscas podem estar no fim. Resta saber se as investigações e apurações ficarão no “chão de fábrica” ou se terão moral para subir mais alto.
Fonte: CNN // Edição: Fabiano E. Merito
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