Definitivamente, as coisas não estão bem para o Tenente General Alexander Matovnikov, vice-comandante das forças terrestres russas. Após ter sua intimidade exposta por toda a internet, o “General Peladão”, conforme está sendo chamado por canais internacionais de notícia, está sendo responsabilizado por falhas na segurança da base aérea da Bielorrússia, que levaram à explosão de um avião espião russo avaliado em quase 250 milhões de libras, o equivalente a mais de 1,7 bilhão de reais.
A história é a seguinte: um vídeo extraordinariamente constragedor vazou na internet mostrando o tenente-general Alexander Matovnikov, de 57 anos, vice-comandante das forças terrestres russas, dançando nu ao som de uma música eletrônica. A dolorosa gravação de mais de 40 segundos foi rapidamente exposta pela mídia ucraniana, que aproveitou pra explorar a ideia de que o vídeo, na verdade, seria “uma clara evidência de por que o ataque ao avião russo foi tão bem-sucedido”.
Os jornais da Ucrânia não perdoaram, insinuando que o comandante – casado – estava mais interessado em se exibir na internet do que em proteger os valiosos planos de Putin na Bielorrússia, uma parte fundamental de seu trabalho.
As incríveis imagens foram divulgadas apenas horas depois que figuras políticas exiladas da Bielorrússia assumiram a responsabilidade pelo ataque ao avião espião russo, o que colocou o vice-comandante em uma situação duplamente difícil.
O tenente-general Alexander Matovnikov, que tem uma série de honras militares em seu nome, foi nomeado para o cargo há três anos, o que deixa evidente que se trata de um militar próximo do próprio Putin. Nos últimos anos, expor a Rússia à humilhação, chacota internacional, ou mesmo ao questionamento da sua competência como nação, levou a uma série de mortes suspeitas de figuras proeminentes na sociedade e nos círculos militares russos.
Destruição de avião valioso
Segundo o Independent, o avião que foi destruído na Bielorrússia é um Beriev A-50U, uma aeronave Soviética equipada com Sistema Aéreo de Alerta e Controle, conhecido na sigla em inglês como “AWACS”. O A-50 voou pela primeira vez em 1978 e entrou em serviço em 1984, com cerca de 40 aeronaves produzidas até 1992.
A aeronave espiã russa teria sido atacada por dois drones enquanto estava pousada em uma base aérea russa na Bielorrússia. O jornal Independent sugere que o ataque foi perpetrado por ativistas antigovernamentais na Bielorrússia que apóiam a Ucrânia, o que demonstra uma nova escalada do conflito.
O avião teria sido “significativamente danificado”, disse ainda o jornal, informando que “as partes frontal e central da aeronave, seus aviônicos e antenas de radar foram atingidos”. A agência disse ainda que uma aeronave de transporte militar e veículos de limpeza de neve também foram danificados no ataque.
O Beriev A-50 teria chegado a Machulishchi, perto da capital bielorrussa Minsk, no dia 14 de dezembro passado. A aeronave tem sido usada desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro do ano passado para localizar alvos para a força aérea de Putin, principalmente para caças russos MiG que carregam mísseis hipersônicos.
Até agora, nem a Rússia nem a Bielorrússia comentaram o incidente, mas uma operação de busca foi lançada pela polícia local e serviços de segurança.
Site FlightRadar24 observou movimentação estranha de aviões na região
Dados retirados do site FlightRadar24 mostraram vários voos com destino a São Petersburgo voltando para seus destinos na terça-feira. O fechamento do espaço aéreo também parecia também afetar os voos a caminho de Kaliningrado, região que exige que os aviões sobrevoem São Petersburgo antes de pousar.
Vários voos com destino a São Petersburgo deram meia-volta ou fizeram desvios, após “objetos não identificados” terem sido vistos no espaço aéreo ao redor da cidade.Por volta das 12h, horário local, os voos voltaram a voar em direção a São Petersburgo e as aeronaves reiniciaram o pouso e a decolagem no aeroporto.
Em uma coletiva logo após a retomada dos voos, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, se recusou a comentar as causas da interrupção dos vôos, mas disse que o presidente Vladimir Putin estava totalmente informado sobre a situação. Já o Ministério da Defesa da Rússia alegou se tratar apenas de exercícios militares, envolveram o envio de caças ao espaço aéreo ocidental da Rússia.
Revista Sociedade Militar – Texto de Rafael Cavacchini