O colunista d’O Estado de São Paulo e professor de Filosofia da UFRGS Denis Lerrer Rosenfield escreveu, em sua coluna quinzenal, no último dia 30, um texto entitulado “Os militares e a democracia”.
Nele, o autor argumenta que os eventos que tiveram lugar em Brasília no dia 8 de janeiro não são o que de mais grave aconteceu que colocasse em risco o Estado Democrárico de Direito.
“O Brasil esteve à beira de uma ruptura institucional, com o golpe espreitando a Nação. E não se trata apenas da violência do dia 8 de janeiro, com a destruição dos símbolos mesmos da República…”
Continua o colunista, apresentando sua versão do que realmente poderia ter provocado uma fissura em nossa jovem democracia:
“…mas da divisão reinante nas Forças Armadas e, em particular, no Exército. E isso data dos últimos meses do governo anterior e dos primeiros dias do novo. Uma vez que a política penetrou nos quartéis, a cisão interna se fez entre militares constitucionalistas e golpistas, alguns desses da reserva, com forte influência junto ao ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem eram próximos.”
O professor da URFGS Denis Rosenfield atribui a contenção dos ânimos e a estabilidade institucional ao esforço e resiliência de três generais que atuaram por debaixo dos panos para que os militares não fossem capturados pelo discurso golpista de uma ala dos militares, nem pelo discurso revanchista do atual governo, resguardando, assim, a imagem das Forças Armadas, em especial a do Exército.
“São eles: general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, agora comandante do Exército, general Valério Stumpf, chefe do Estado-Maior do Exército, general Richard Fernandez Nunes, comandante do Comando Militar do Nordeste“.
O colunista do Estadão e professor termina seu artigo reivindicando o devido reconhecimento do papel que os militares cumprem na democracia brasileira, uma vez que há décadas a classe carrega a fama de golpistas:
“Está na hora de ser reconhecido o importante papel desses militares na defesa da democracia. O momento é de distensão e de pacificação nacional. O Brasil só poderá crescer no respeito às instituições democráticas. Conflitos não devem ser acirrados, sob pena de retrocedermos ao passado recente.”
Fonte: https://www.estadao.com.br/opiniao/denis-lerrer-rosenfield/os-militares-e-a-democracia/