Conforme já noticiado aqui na Revista Sociedade Militar, o Comandante do Exército Brasileiro autorizou a contratação de estrangeiros para auxiliar na representação brasileira nos Estados Unidos.
Medida preocupa analistas militares e divide opiniões
Em um primeiro olhar, os documentos oficiais sugerem que serão contratados profissionais principalmente, para a limpeza, manutenção e outros serviços gerais, o que não tecnicamente não interfereria diretamente nos interesses militares brasileiros. “Limpeza, manutenção, etc são feitos por trabalhadores comuns, e não por graduados, soldados e etc”, disse um leitor da Revista Sociedade Militar. Desse modo, contratar estrageiros locais seria uma medida para economizar recursos e garantir o bom funcionamento das instalações.
Já outros tem posições diferentes. Diversos leitores apontaram que contratar estrageiros poderia, ao contrário, tornar o processo mais caro, além de desvalorizar militares e até civis brasileiros, não lhes oferecendo vagas que poderiam lhe interessar.
De fato, o salário é bastante superior àquele pago a profissionais brasileiros por aqui. Um auxiliar técnico americano, por exemplo, pode ganhar em média, U$19,00 a hora, quase cem reais em uma única hora de trabalho. No Brasil, esse mesmo auxiliar seria contratado por valores abaixo de R$1800,00 mensais.
No edital do processo seletivo obtido pela Revista Sociedade Militar e que pode ser lido aqui, há mais detalhes sobre os salários oferecidos. O texto diz que a remuneração de um dos cargos que serão oferecidos, o de Auxiliar Administrativo, ultrapassará os sessenta mil dólares anuais, mais de trezentos mil reais, se convertido. Pela cotação de hoje, isso daria uma assustadora média mensal de R$24.000,00, contando com o benefício do 13º salário. Isso é quase dez vezes mais que a média salarial brasileira, de R$2.787,00.
Por isso, é natural que uma parcela da sociedade brasileira questione a necessidade de tantas representações diplomáticas brasileiras no exterior a um custo tão elevado. Leitores da Revista Sociedade Militar sugerem que uma oportunidade como essa deveria ser dada a cidadãos brasileiros, já que no Brasil existem excelentes profissionais, muitos desempregados, que estão em busca de oportunidades semelhantes. Teria sido melhor, sob essa ótica, promover um programa que pudesse contemplar brasileiros que tivessem interesse em viajar ao exterior e ganhar uma remuneração polpuda como essa.
Também fica no ar se a presença de estrangeiros dentro de instalações brasileiras não pode de alguma forma por em risco os militares ou a segurança nacional, como ocorreu na Venezuela, onde cubanos passaram a orientar os militares e sugerir medidas a serem tomadas.
É considerado imprescindível, portanto, que os interessados acompanhem de perto o desenrolar desses eventos. Pode parecer pouco, mas – como apontado – uma decisão como essa, se for cumprida de forma irresponsável, sem medidas de segurança necessárias, pode ter consequências ruins.
Revista Sociedade Militar – Texto de Rafael Cavacchini