Durante a Segunda Guerra Mundial, o Brasil lutou ao lado dos aliados contra as forças do Eixo, enviando milhares soldados do Exército Brasileiro para o sul da Itália afim de combater os nazistas e seus simpatizantes ali presentes. Era chamada de Força Expedicionária Brasileira (conhecida também pela sigla FEB), uma força militar aeroterrestre constituída por pouco menos do que 26.000 homens e mulheres. Essa força era formada por uma divisão de infantaria, uma esquadrilha de reconhecimento, e um esquadrão de caças, O 1.º Grupo de Aviação de Caça (1.º GAvCa), ou simplesmente Jambock, (muito famosos na cultura popular pelo seu grito de guerra, Senta a Púa!). O lema da FEB era a curiosa expressão “A cobra está fumando“, uma piadinha com o que se afirmava à época, de que seria “Mais fácil uma cobra fumar [cachimbo] do que o Brasil participar da guerra na Europa”.
Claro que, dessa época, muitos feitos incríveis e conquistas memoráveis foram feitos pela FEB. Muitas histórias inesquecíveis se transformaram em livros, contos, filmes, eternizando o espírito guerreiro do soldado brasileiro. E, é claro, em tempos difíceis e sombrios como aqueles, não apenas surgem muitos mitos e lendas, mas também heróis que mostram que, mesmo no momento mais crucial, é possível dar tudo de si e fazer o que parece ser impossível.
Hoje vamos conhecer a história de alguns desses heróis.
Três Heróis Brasileiros
Durante uma patrulha na manhã do primeiro dia da Batalha de Montese, Geraldo Baêta da Cruz, então com 28 anos, natural de Entre Rios de Minas; Arlindo Lúcio da Silva, 25 anos, de São João del-Rei; e Geraldo Rodrigues de Souza, 26 anos, de Rio Preto, três soldados da Força Expedicionária Brasileira (os tais Cobras Fumantes) foram atacados por forças alemãs.
Como estavam em desvantagem numérica, o comandante alemão ofereceu aos soldados a oportunidade de renderem-se e se salvar. Era uma situação impossível: naquele momento, os três pracinhas mineiros se viam frente a frente com uma companhia alemã inteira. Ao invés de acatar as ordens, contudo, os soldados optaram por não se renderem e abriram fogo contra o inimigo.
Diz-se que, após dispararem “até o último cartucho”, os mineiros fixaram as baionetas nas armas e partiram pra cima dos alemães. Naturalmente, os alemães responderam e os três acabaram mortos pelas metralhadoras alemãs.
Mas é aí que o negócio fica curioso.
Admirado com a coragem e resistência dos mineiros, o comandante mandou enterrá-los em cova rasa e pôs uma cruz e uma placa com a inscrição: Drei brasilianische helden, que em bom português significa “três heróis brasileiros”.
Acabada a guerra, eles foram trasladados para o cemitério de Pistóia, na Itália, e depois para o Monumento aos Pracinhas, no Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro.
“Essa singular homenagem feita pelo inimigo foi uma eloquente demonstração da coragem do soldado brasileiro.”
Há alguma contradição envolvendo o nome dos três soldados envolvidos. Esta é a versão oficial, mas pesquisadores posteriores identificaram outros soldados que poderiam ser os verdadeiros três heróis brasileiros. Em algumas publicações, os três soldados brasileiros teriam sido enterrados pelos alemães próximo a Precaria, e não a Montese, e receberam uma cruz com os dizeres: 3 bravos Brasil.
A informação original sobre os três heróis brasileiros teria nascido do livro de Gentil Palhares, em 1951. O jornalista Lincoln de Souza questionou a veracidade do texto sobre os três heróis de Montese, dizendo que “A informação que deram a Gentil Palhares era completamente errônea: trocados os nomes das vítimas, da Unidade (Regimento Sampaio e não Tiradentes), da região, da data do sepultamento e até dos dizeres da tabuleta”.
No entanto, pelo relato oral dos integrantes do 11º RI, não há dúvidas sobre o fato ocorrido em Montese. Não se pode afirmar, contudo, de forma conclusiva, que os personagens envolvidos no fato são aqueles consagrados pela historiografia militar.
Durante os quase oito meses de campanha, a FEB fez 20.573 prisioneiros, perdendo 948 homens em ação.