Nos últimos dias, intensificou-se o combate entre as forças russas e ucranianas pelas ruas de Bakhmut, uma cidade no leste da Ucrânia que em outros tempos foi habitada por cerca de 80 mil pessoas.
Isso antes da invasão russa, em 2022. A estimativa é que hoje não cheguem sequer a um décimo disso, entre homens, mulheres e crianças. Esta semana, o vice-prefeito da cidade, Oleksandr Marchenko, declarou à agência de notícias BBC que os aproximadamente 4.000 civis restantes na cidade vivem em abrigos sem acesso a gás, eletricidade ou água. Marchenko acrescentou que “nem um único prédio” está intocado pela guerra e que a cidade está “praticamente destruída”.
Bakhmut está há meses enfrentado combates intermináveis. A Rússia tenta insistentemente assumir o comando da cidade, mas ainda sofre pra expulsar seus defensores.
Combates dentro e fora da cidade
O vice-prefeito Marchenko disse que os combates estão acontecendo por todo lugar. “Há combates não só ao redor da cidade, mas também nas ruas”, declarou a agência britânica BBC.
Bakhmut, se for conquistada pelo exército russo, a esta altura, tem um valor estratégico no mínimo questionável: analistas militares sugerem que, nesse ponto, qualquer vitória russa pode ser apenas pírrica – ou seja, já não vale mais o custo em equipamentos e homens. No entanto, se conseguir finalmente tomar a cidade, a Rússia poderá celebrar um raro sucesso no campo de batalha, ao menos nos últimos meses. O avanço do exército russo tem sido lento, custoso e, em alguns lugares, está completamente estagnado.
A Ucrânia diz que milhares de soldados russos morreram tentando tomar Bakhmut. A estimativa é que os russos tiveram sete vezes mais baixas que os ucranianos.
A queda de Bakhmut é prevista há mais de seis meses, mas inexplicavelmente, ainda não aconteceu. Os defensores permanecem determinados e não tem dado, ao menos visivelmente, sinais de que irão abandonar a cidade. É difícil, no entanto, saber o que está acontecendo sem outras fontes independentes. Ambos os lados ganham mais tentando confundir o inimigo com números fictícios e relatos infundados de vitória, do que fornecendo informações precisas.
“Atualmente não há comunicação. Bakhmut está isolada, com pontes destruídas, e a tática que os russos estão usando é a tática da terra arrasada“, disse o vice-prefeito Marchenko ao programa Today, insinuando que os russos estão destruindo indiscriminadamente a cidade. “Eles querem destruir Bakhmut, querem destruir a cidade como fizeram com Mariupol e Popasna”, concluiu ele, referindo-se a duas cidades no leste da Ucrânia agora sob controle russo, após também ter sofrido intensos bombardeios e passado por meses de combates.