A jurista Janaína Paschoal, conhecida por seu papel no processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, foi procurada recentemente por bolsonaristas que denunciaram maus tratos e represálias contra aqueles que ainda estão presos sob acusação de atuarem nos atos antidemocráticos, assim como contra aqueles que já foram soltos.
Paschoal alertou que foi uma das poucas pessoas que avisou que os comandantes das Forças Armadas não poderiam agir em favor de Bolsonaro.
Paschoal, que foi execrada nas redes sociais por sua decisão de não ter manifestado apoio a qualquer ação por parte dos militares, narrou o episódio em suas redes sociais. Ela afirmou que defende aqueles que foram injustiçados historicamente, mas afirma que jamais compactuará com desproporcionalidades, especialmente no âmbito do Direito Penal.
A jurista – que em certo momento do passado chegou a ser idolatrada pelos conservadores brasileiros, também afirmou que, em algum momento, as pessoas reconhecerão que ela foi uma das únicas a alertar para os sérios riscos que envolviam a ação das forças armadas. Ela relembrou que já foi chamada de traidora por ter se posicionado contra certas medidas e chegou a ser questionada por manifestantes que a acusavam de estar contra o povo.
Paschoal encerrou suas postagens lembrando dos ensinamentos de Içami Tiba: “Quem tudo permite não se importa de verdade”.
“Nesta manhã, participei do “Morning Show”, na Jovem Pan. Muitos temas foram discutidos, inclusive o 08 de janeiro. Foi muito intrigante, pois, ao sair, uma senhora me abordou no hall do prédio. Ela disse ter sido uma das pessoas que ficou nas portas dos quarteis e pediu que eu defendesse esses manifestantes, a seu sentir, injustiçados historicamente. Ela relatou que muitos ainda estão presos e que mesmo os já libertados não conseguem emprego. Por óbvio, jamais compactuarei com desproporcionalidades, mormente no âmbito do Direito Penal.
No entanto, em algum momento, vão reconhecer que eu fui uma das únicas a alertar, à época, para os sérios riscos e só o que ouvi foi o coro de “traidora”. Lembro de manifestantes entrarem na Alesp, indagando por qual razão eu “estaria contra o povo”. Foi pesado!
Não fico feliz com a desgraça alheia. Mas o episódio deve servir para provar que, na maior parte das vezes, quem diz NÃO quer o bem. Lembrando os ensinamentos de Içami Tiba: Quem tudo permite não se importa de verdade.”