Criada pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, a MG42 chega a disparar 1,5 mil tiros por minuto – e, segundo as regras do Ministério da Defesa, não pode ser usada na prática de tiro esportivo, assim como qualquer armamento com disparo automático.
Até o ano passado, o Tac Pro Shooting Center, clube de tiro de Brasília, aberto em agosto de 2021, oferecia um catálogo de locação de armas que incluía a MG42. Por R$ 900, era possível disparar 30 tiros com a metralhadora.
“Houve ampliação do tipo de arma de calibre restrito que os CACs puderam acessar no período Bolsonaro, mas as automáticas não foram incluídas nesta flexibilização”, explica Bruno Langeani, gerente de projetos do Instituto Sou da Paz. “Em resumo, seguiram sendo classificadas como de uso restrito e sua autorização não foi liberada para CACs.”
A MG42 usada no clube de Brasília pertence a um antigo acervo de colecionador. De acordo com o decreto que regulamenta os produtos controlados pelo Exército, é vedado o colecionamento “de arma de fogo de uso proibido, de uso restrito que seja automática, de qualquer calibre, cujo modelo original tenha sido projetado há menos de quarenta anos”. O decreto permite que essas armas sejam usadas apenas para “realização de testes eventualmente necessários à sua manutenção ou ao seu reparo”.
Apelidada carinhosamente de “spa” por policiais que a frequentam, a empresa usa armamentos pesados do passado para projetar planos para o futuro. Em 2021, o perfil oficial da Tac Pro postou a foto de um canhão antitanque, utilizado também na Segunda Guerra Mundial, estacionado na garagem, com a seguinte legenda: “ainda não disponível para locação”.
Ao Intercept, o Exército afirmou que “quanto a punição para uso ilegal de armas de uso restrito em clubes de tiro, caso seja constatada a autoria e materialidade de irregularidades administrativas, após o devido processo legal, são aplicadas as medidas legais decorrentes”, por meio de sua assessoria de imprensa.
Edição: JB Reis