Militares das Forças Armadas de diferentes patentes expressaram nas redes sociais a sua insatisfação com as propostas em elaboração no Ministério da Defesa, alegando que a proibição da candidatura de militares representa um retrocesso e desrespeito àqueles que lutaram contra o autoritarismo nos anos 60 e conseguiram legalizar a candidatura de sargentos. O comandante do Exército ainda não se manifestou sobre a possibilidade de se dificultar a candidatura de militares para cargos eletivos.
Militares ouvidos argumentam que há uma completa ignorância sobre regulamentos militares e dia a dia na caserna, que não são os militares que se candidataram que transformaram as Forças Armadas em um órgão político, alegam que esses militares das camadas médias e baixas, quando raramente conseguem se eleger, são os únicos representantes do verdadeiro povo dentro dos quartéis.
Na sua visão foi a elite fardada, a cúpula armada, os oficiais generais, que em troca de altos cargos, colocaram as Forças Armadas Brasileiras a serviço de um governo.
Em relação aos militares que concorreram nas últimas eleições por partidos diversos, os militares de baixa patente afirmam que eles não são reconhecidos como lideranças políticas dentro das forças e não têm condições de movimentar grandes efetivos, e que – portanto – não há motivo para impedi-los de exercer plenamente sua cidadania.
Quanto a transferência compulsória para a reserva daqueles que se candidatarem, explicaram que isso poderia ser usado por muitos que já pretendem deixar as forças armadas recebendo salários proporcionais, mas não conseguem. Com isso, por exemplo, um militar que acabou de realizar um curso de altíssimo custo para as forças armadas poderia simplesmente se candidatar, não ser eleito e depois, recebendo um salário proporcional como militar da reserva, usar o seu conhecimento para ser empregado no mundo civil.
Wagner Coelho, militar da Marinha, suplente de Deputado Federal, ouvido pela Revista Sociedade Militar, acredita que esse tipo de medida é um retrocesso pois transforma os militares da ativa em cidadãos pela metade que podem eleger mas não podem ser eleitos, além do risco de a perda de direitos se estender para outras categorias, como policiais militares e professores;
Como outros militares ouvidos, o suboficial também acredita que quem atirou as forças armadas no Turbilhão político foram os membros do alto escalão das Forças Armadas e não oficiais de baixa patente, suboficiais e sargentos que porventura tenham se candidatado. O militar disse que representante de oficiais, suboficiais e sargentos vão exigir participação nos debates, se de fato essa proposta de emenda constitucional for apresentada.
O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), também expressou a sua insatisfação, mas o seu foco se direcionou para os cargos comissionados ocupados por militares da ativa. O oficial general da reserva e senador reagiu à proposta de substituir militares na máquina pública por quadros técnicos qualificados para as funções, retirando militares da ativa de cargos políticos. Mourão acredita que Lula pretende tratar os militares como cidadãos de segunda categoria e defende que as competências específicas dos militares não devem ser ignoradas.
Mourão também comentou a proposta de mudar o artigo 142 da Constituição para acabar com a GLO, afirmando que retirá-la não vai mudar nada, uma vez que não existe outra força capacitada. Ele acredita que a ideia de criar uma guarda nacional é inviável e serve apenas para “tacar fogo no parquinho”.