Escândalo de espionagem: Abin monitorou cidadãos brasileiros por três anos. A agência utilizou um sistema secreto de geolocalização para rastrear até 10 mil proprietários de celulares anualmente, sem protocolo oficial. A prática gerou preocupação e questionamento entre servidores civis da ABIN, levando à abertura de uma investigação interna. Políticos de esquerda, como Zeca Dirceu, reagiram à denúncia, classificando-a como “gravíssima” e um atentado à liberdade individual.
Mais um esqueleto é encontrado no armário. O mais novo escândalo desenterrado pela imprensa tem a ver com os ideais de respeito às liberdades individuais que pareciam ser tão caros ao último presidente.
Segundo publicado pelo Jornal O Globo, nesta terça-feira, 14, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), operando um sistema secreto de geolocalização, monitorou cidadãos em todo o País, durante os três primeiros anos do governo Jair Bolsonaro (PL).
A ferramenta permitia, sem qualquer protocolo oficial, monitorar os passos de até 10 mil proprietários de celulares a cada 12 meses. Para isso, bastava digitar o número de um contato telefônico no programa e acompanhar num mapa a última localização conhecida do dono do aparelho.
Mesmo dentro da própria Agência o procedimento foi objeto de preocupação e questionamento por parte de alguns servidores. Os servidores civis da ABIN relataram a impropriedade do procedimento, já que o órgão não tem autorização legal para acessar dados privados. O caso motivou a abertura de investigação interna.
A Agência de Inteligência que era subordinada ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI), tradicionalmente chefiada por militares, foi realocada pelo governo Lula para a Casa Civil.
Ironicamente a notícia provocou diversos comentários de políticos de esquerda como o senador André Janones, líder do governo no Congresso, o deputado do PSOL Chico Alencar e também do líder do PT na Câmara, filho de José Dirceu, Zeca Dirceu.
Este último declarou que “a denúncia é gravíssima”, e que vai se “empenhar muito para que o Ministério Público Federal (MPF), a Controladoria Geral da União (CGU) e AGU façam a investigações rápidas e os envolvidos sejam punidos. Isto é muito grave, é um atentado contra a liberdade individual, uma prática comum na Ditadura Militar” – afirmou Dirceu.
Edição: JB Reis