As tensões militares do outro lado do mundo não se resumem às ameaças norte-coreanas e tampouco estão circunscritas ao eixo ocidente-oriente. Com objetivo de atualizar suas Forças, Exército, Marinha e Aeronáutica e em justificada apreensão devido às movimentações chinesas no oceano Índico, a mídia estatal indiana anunciou uma aquisição bilionária de equipamentos voltados para defesa.
Pressionada pelos vizinhos China e Paquistão, que são potências nucleares, e em recorrente tensão com as tropas chinesas ao longo de sua fronteira no Himalaia, a Índia tem buscado modernizar seu equipamento militar, que majoritariamente data da era soviética.
A agência britânica de notícias Reuters informou que o governo indiano aprovou na última quinta-feira, 16 de março, aquisições de diversos itens bélicos, tais como mísseis, helicópteros, artilharia e sistemas de guerra eletrônica. O valor global dos investimentos é 44,68 bilhões de reais (pouco mais de 700 bilhões em moeda indiana). As informações foram publicadas pelo site do Ministério da Defesa do país.
Com 1,6 milhão de soldados ativos, segundo dados do Global Fire Power, a Índia é o 5º maior exército do mundo. Apesar disso, a preocupação maior do governo indiano é modernizar principalmente sua Marinha, também por causa das atividades chinesas no oceano Índico. Os projetos para a Força naval são a maior parte dos investimentos, cerca de 35 bilhões de reais (560 bilhões de rúpias).
Preferência pela indústria nacional
O Ministério da Defesa indiano tem um órgão específico voltado para aprovação de grandes aquisições de capital para suas Forças Armadas. Seguindo a política do premiê Narendra Modi de impulsionar a produção interna de defesa, o chamado Conselho de Aquisição de Defesa (DAC, na sigla em inglês) aprovou as encomendas, todas elas feitas a empresas indianas.
As novas armas
- De uso conjunto para Marinha, Exército e Aeronáutica:
- 200 mísseis supersônicos BrahMos – míssil de cruzeiro supersônico que pode ser lançado de submarinos, barcos, aviões ou por terra. O míssil viaja a velocidades de Mach 2.8 a 3.0 e tem um alcance de 290 km. Foram desenvolvidos conjuntamente pela Índia e pela Rússia.
- Para uso da Marinha
- 50 helicópteros utilitários,
- sistemas de guerra eletrônica para a Marinha e
- motor marítimo a diesel.
- Para uso da Força Aérea
- arma de longo alcance a ser usada pelo caça Sukhoi-30MKI.
- Para uso do Exército
- 307 peças de artilharia de calibre 155 mm/52,
- veículos de alta mobilidade e
- veículos rebocadores.
Ameaça nuclear
A guerra de 1965 entre Índia e Paquistão suscitou ameaças reiteradas de intervenção por parte do governo chinês em desfavor dos indianos. Além do assédio político, o teste nuclear de 1964, realizado pela China, convenceram a Índia a desenvolver seu programa de armas nucleares.
Tendo feito o primeiro teste nuclear em 1974 e mais outros testes subterrâneos em 1998, o país não é signatário do Tratado de Interdição Completa de Ensaios Nucleares e nem o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares. Em 2020, o governo indiano terminou o seu escudo de mísseis balísticos de defesa S-400 adquirido da Rússia.