Uma das tecnologias que mais assusta em qualquer palco de guerra… essa é a definição dos submarinos nucleares, verdadeiras fortalezas que podem permanecer meses submersas, tendo a bordo ogivas nucleares de longo alcance.
No mundo há apenas 7 países que possuem tal aparato em suas frotas navais: EUA, Rússia, China, Reino Unido, França, Índia e Paquistão. Entre esses países, o destaque é para os EUA que possuem a maior frota e são detentores das mais avançadas tecnologias de construção.
E o que aconteceria se essa tecnologia fosse evadida para outro país, sem a aprovação dos EUA e com a supervisão de ex-militares (incluindo oficiais generais) da própria Marinha norte-americana? Esse é o ponto focal de uma matéria publicada recentemente no jornal The Washington Post, cujo conteúdo destaca a evasão de informações ultrassecretas por parte de ex-integrantes da US Navy e de outros setores, incluindo o ex-Comandante da Marinha dos EUA, o Almirante John M. Richardson.
O Almirante Richardson é militar da reserva da Marinha dos EUA, situação que o torna remunerado pelo governo, mesmo na condição de reservista. Ele é o nome por trás da empresa Briny Deep, com sede em Alexandria, Virgínia, especializada em “consultoria” militar. Richardson, vale ressaltar, além de Almirante 4 estrelas foi também submarinista de carreira que chefiou a Marinha dos EUA de 2015 a 2019, segundo fontes do The Washington Post.
De acordo com a lei federal, os militares aposentados dos EUA devem obter a aprovação do Pentágono e do Departamento de Estado antes de poderem aceitar dinheiro ou empregos de potências estrangeiras que possam comprometer sua lealdade juramentada aos Estados Unidos. A lei se aplica aos aposentados – geralmente aqueles que serviram pelo menos 20 anos de uniforme – porque eles recebem uma pensão dos EUA e podem ser convocados para o serviço ativo.
Mas Richardson não é o único ex-militar que presta assessoria à Austrália. Há relatos, obtidos por meio da Lei de Liberdade de Informação (FOIA, sigla em inglês), de que há ao menos 12 ex-militares recentemente contratados, enquanto outros 10 atuam no país desde 2015 nos mais variados cargos e funções. Um Almirante da reserva cobra em torno de 4 mil dólares diários para prestar apoio e conhecimento militar sobre submarinos, fato que ocorre desde 2021 quando o país ingressou na tentativa de ter seu próprio submarino nuclear.
Um outro ponto controverso dessa história é o fato de que EUA, Grã-Bretanha e Austrália selaram um acordo para ajudar os australianos a construir uma frota de submarinos movidos a energia nuclear que poderia custar até US$ 100 bilhões ao longo do programa, porém nada foi citado sobre “recrutar” militares e civis que atuaram nos projetos dos submarinos nucleares dos Estados Unidos.
A situação ganha ares de preocupação por uma parte dos Congressistas e oficiais da Ativa dos EUA, já que o papel efetivo desses “consultores” não foi esclarecido pelo governo australiano. Em um relato do chefe da força-tarefa dos submarinos nucleares da Austrália, Vice-Almirante Jonathan Mead, o papel do Almirante Richardson é o de “orientador” e que seu contrato envolve cláusulas de confidencialidade. A Austrália tem pouca experiência sobre a tecnologia nuclear, motivo pelo qual ela necessita tanto desses ex-militares consultores.
A trama ainda não foi encerrada e isso já provocou desconforto entre EUA e Austrália. Os segredos sobre a construção de alguns dos mais letais aparatos bélicos podem estar fragilizados com a inclusão desses ex-militares, possuidores de tanto conhecimento sobre um dos “trunfos” bélicos dos EUA, o que gerou a desconfiança dos Congressistas e o mal-estar no âmbito militar, já que todos os que agora atuam na Austrália recebem pomposas aposentadorias.
Nota: apesar de termos a capacidade de construção de nosso próprios submarinos de propulsão convencional (Diesel). Toda a tecnologia nuclear para o PROSUB está sendo desenvolvida no Brasil, por meio do Programa Nuclear da Marinha (PNM), nas instalações do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP).