Conforme noticiado aqui no Sociedade Militar, a Rússia pretende implementar armas nucleares táticas na Bielorrússia, informou o presidente russo, Vladmir Putin, neste sábado, 25 de março.
Neste domingo, a OTAN condenou a decisão russa, que chamou de “perigosa” e “irresponsável”. A organização ainda disse que está “monitorando de perto” a situação e disse que a medida não a levará a mudar sua própria estratégia nuclear.
Os EUA, no entanto, declaram não acreditar que a Rússia esteja se preparando para usar armas nucleares.
A Bielorrússia, aliada da Rússia, compartilha uma longa fronteira com a Ucrânia. Membros da OTAN, como a Polônia, Lituânia e Letônia, compartilham também fronteiras com o país.
Reunião de Emergência no Conselho de Segurança da ONU
Após o anúncio de Vladmir Putin, a Ucrânia convocou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU para abordar a ameaça potencial e o significado do anúncio do presidente russo. Putin, no entanto, garantiu que Moscou não transferirá o controle de suas armas para Minsk.
O governo ucraniano diz que a medida viola os acordos de não proliferação nuclear – uma acusação que o presidente Putin negou, comparando-a ao fato de os EUA também posicionarem suas prórias armas nucleares na Europa. A OTAN se defendeu, dizendo que a referência da Rússia ao compartilhamento nuclear entre os aliados é “enganosa”.
“Os aliados da OTAN agem com total respeito por seus compromissos internacionais”, disse a porta-voz da organização, Oana Lungescu.
Rompimento de Tratado por parte da Rússia torna a situação mais tensa
A aliança militar também acusou a Rússia de quebrar consistentemente seus próprios compromissos de controle de armas, citando a decisão do país de suspender o novo tratado START, em fevereiro desse ano. O START é um acordo assinado em 2010 que limita o número de ogivas nucleares dos EUA e da Rússia e dá a cada um o poder de inspecionar as armas nucleares do oponente.
O chefe de política externa da UE, Josep Borrell, solicitou à Bielorrússia que opte por sair do acordo com Putin, alertando que o país pode enfrentar novas sanções se seguir em frente. “A Bielorrússia ainda pode impedir, é uma escolha deles”, disse Borrell.
Yuriy Sak, um conselheiro do Ministério da Defesa da Ucrânia, no entanto, disse à BBC que a entrega de armas de destruição em massa para a Bielorrússia não mudaria o resultado da guerra.
“Eles não podem vencer esta guerra porque é insustentável para eles. É invencível. Os russos não podem derrotar a Ucrânia porque temos vivido com a ameaça hipotética de um possível ataque nuclear desde o primeiro dia da invasão em grande escala”, disse Yuriy Sak
Transferência nuclear histórica
Esta será a primeira vez que Moscou terá armas nucleares fora do país em quase trinta anos. O controle dos dispositivos nucleares em posse de países ex-membros da União Soviética foi transferido totalmente para a Rússia em 1996.
A Rússia começará a treinar equipes para operar as armas na Bielorrússia já a partir da próxima semana. A construção de uma instalação de armazenamento de armas nucleares táticas será concluída no país vizinho no dia 1º de julho, declarou o presidente Putin.
O anúncio ocorre apenas alguns dias após a visita do presidente chinês Xi Jinping a Moscou, durante a qual Rússia e China emitiram uma declaração conjunta dizendo que “todas as potências nucleares não devem implantar suas armas nucleares além de seus territórios nacionais e devem retirar todas as armas nucleares implantadas no exterior”.