O chanceler russo Serguei Lavrov deve chegar ao Brasil no dia 17 e está causando desconforto entre representantes diplomáticos dos EUA e países que apoiam a Ucrânia na guerra contra a Rússia.
O motivo é uma carga de 5 toneladas, classificada como ‘bagagem diplomática’, que deverá entrar no Brasil no período.
O carregamento é sigiloso e está parado na Argentina, com previsão de vir ao Brasil dentro de uma semana. A suspeita de várias fontes é que possam ser equipamentos sensíveis, armamentos, material para uso bélico ou dinheiro não declarado, segundo alardeado por toda a mídia, sem segredo pra ninguém.
Além do contêiner misterioso, Lavrov estaria trazendo em sua comitiva 18 agentes de segurança e inteligência.
Por que tantos agentes de inteligência? Medo de um atentado ou tem algo mais que não sabemos?
Malas e bagagens diplomáticas não podem ser revistadas, mas parlamentares da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado avaliam solicitar informações ao Itamaraty, tendo em vista que missões diplomáticas que passam pelo Brasil não estão sujeitas a controle dos órgãos de fiscalização.
A esse contexto conturbado, somam-se prisões recentes de três espiões russos que estariam atuando em vários países com identidades brasileiras.
Reportagem do jornal Folha de São Paulo desta quinta-feira, 6, informa que a Polícia Federal suspeita do uso do país de forma sistemática para formar agentes ilegais pelo governo russo.
Detalhes da viagem do chefe da diplomacia russa foram ajustados no encontro com Celso Amorim dias atrás, em Moscou.
O assessor especial de Lula também foi recebido por Vladimir Putin, que convidou o presidente da República a visitá-lo. A missão discreta de Amorim teve como pauta oficial negociações sobre o comércio de fertilizantes e a oferta de Lula para mediar um acordo de paz.
A visita também ocorre em um momento de desconforto com a Ucrânia após declarações do presidente Lula sobre a guerra. Na sexta-feira (8), o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenski, afirmou que não vai abrir mão do território da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014. A declaração foi uma resposta a Lula, que nesta semana sugeriu que o país teria que ceder seu direito sobre a região para acabar com a guerra.
Zelenski também afirmou que a ordem só retorna quando o território da Criméia for recuperado. “O mundo deve saber: o respeito e a ordem retornarão às relações internacionais apenas quando a bandeira ucraniana retornar a Criméia – quando houver liberdade lá, assim como em qualquer outro lugar da Ucrânia“, ressaltou Zelensky.
Lula também afirmou que Putin também não pode querer tudo e invadir o ”terreno” dos outros indiscriminadamente. A fala do presidente usa um jargão semelhante ao que é empregado aos invasores de terra do MST (Movimento dos Sem Terra), soando também como sarcasmo.
Ocorre que Lula desconhece, no mínimo, dois documentos que dão direitos aos ucranianos a sua terra, além do próprio Stálin, que deu autonomia a eles durante o período soviético, em 1954 devolvendo até mesmo a Criméia para a Ucrânia.
Com o fim e o colapso da União Soviética, um documento foi assinado em 1994, pela Rússia de Bóris Yeltsin, Ucrânia, Reino Unido e EUA: o Memorando de Budapeste, onde a Rússia reconheceu as fronteiras da Ucrânia e se comprometeu a não invadir a Ucrânia desde que ela devolvesse todas as ogivas nucleares do período soviético. E assim foi feito.
Nove anos depois, em 2003, o próprio Vladimir Putin assinou um tratado em seu primeiro mandato reconhecendo as fronteiras da Ucrânia. Ou seja, quando Putin invadiu a Criméia em 2014, violou o próprio tratado que assinou.
Será que Lula sabe disso ou também está disposto a devolver, sem reclamar ou ”querer tudo”, o Acre para a Bolívia ou partes do Amapá para a França, caso esses países invadissem antigos territórios reclamados pelos mesmos? Veja que a França tem armas nucleares.
Fim da Matéria