Um navio japonês que afundou durante a Segunda Guerra Mundial enquanto transportava mais de 1.000 prisioneiros de guerra finalmente foi encontrado. O afundamento do Montevideo Maru é considerado até hoje como a maior perda de vidas australianas em um único naufrágio.
O Montevideo Maru foi descoberto na próximo a ilha de Luzon, nas Filipinas, a uma profundidade de mais de 4.000 metros, confirmou o vice-primeiro-ministro australiano Richard Marles em vídeo postado no Twitter.
A descoberta encerra “um dos capítulos mais trágicos da história marítima da Austrália”, disse Marles.
No dia 30 de junho de 1942, o navio seguia sem escolta quando foi avistado pelo submarino americano USS Sturgeon perto da costa norte das Filipinas. Sem saber que o navio transportava prisioneiros de guerra aliados e civis, o Sturgeon disparou quatro torpedos no navio japonês, fazendo com que o navio afundasse apenas 11 minutos depois.
O Montevideo Maru transportava aproximadamente 1.060 prisioneiros de quase 20 países, incluindo 850 militares australianos. Na ocasião, a embarcação japonesa não estava marcada como transporte de prisioneiros de guerra.
Destroços ficarão no fundo do mar
Os destroços do Montevideo Maru, no entanto, não serão removidos. Também nenhum conteúdo do navio ou mesmo restos humanos serão removidos da embarcação. O local, que fica mais fundo do que os destroços do Titanic, será usado para fins de pesquisa.
O diretor da Silentworld Foundation, John Mullens, disse à agência ABC News que havia emoções confusas a bordo do seu próprio navio quando a descoberta foi feita. “Estamos olhando para o túmulo de mais de 1.000 pessoas”, declarou Mullens.
“Perdemos menos que o dobro [de australianos] em toda a Guerra do Vietnã, por isso é extraordinariamente significativo para famílias e descendentes.”, observou o diretor. “Quando vimos pela primeira vez as imagens do navio que ninguém via há 80 anos, desde aquela noite terrível, foi muito emocionante. Tínhamos duas pessoas a bordo que tinham familiares perdidos, então, enquanto de um lado havia aplausos, do outro havia algumas lágrimas. Foi muito emocionante.”, concluiu.
Mais de 80 anos em busca de respostas
A descoberta levou muito tempo para ser feita pelo diretor técnico e especialista em submarinos Capitão Roger Turner, que passou anos pesquisando os destroços para definir sua localização.
“Tivemos pesquisadores japoneses e americanos ajudando a montar a história”, disse Turner à ABC News. “Devemos nos referir a ele não como um naufrágio, mas como uma tumba. É onde mais de 1.100 almas agora jazem em paz.”, concluiu o capitão.
Autoridades australianas elogiaram aqueles que participaram da busca, incluindo especialistas em pesquisa em alto mar e membros das forças armadas australianas, agradecendo-lhes por encerrarem 81 anos de busca por respostas.
“Uma perda como essa atravessa décadas e nos lembra de todo o custo humano do conflito. Para que não esqueçamos”, disse o chefe do exército australiano, tenente-general Simon Stuart. .
“O esforço extraordinário por trás dessa descoberta fala pela verdade duradoura da solene promessa nacional da Austrália de sempre lembrar e honrar aqueles que serviram ao nosso país. Este é o coração e o espírito de Lest We Forget”, escreveu o primeiro-ministro australiano Anthony Albanese. O primeiro-ministro também acrescentou que espera que essa descoberta traga “uma medida de conforto” para as famílias das vítimas.