O presidente da Rússia, Vladimir Putin invadiu a Ucrânia há mais de um ano atrás, alegando principalmente que iria ´´desnazificar´´ o país porque havia ali grupos neonazistas e que os ucranianos de origem russa estavam sendo perseguidos no país.
Argumento muito parecido ao de Hitler quando invadiu a Tchecoslováquia alegando maus tratos aos alemães que viviam ali na região dos Sudetos.
A alegação tem fundo de verdade, porque grupos neonazistas e xenofobia existem em muitos países, principalmente na Rússia e até apoiado, tolerado e trabalhando para o governo e exército russo. Até no Brasil há vários grupos de neonazistas.
A contradição na decisão russa é tão flagrante que chega ao cúmulo de haver colaboradores militares e civis do círculo de amizades de Putin estarem envolvidos em ideologias racistas, notadamente nazistas e supremacistas brancos, ao melhor estilo de uma Ku Klux Klan russa. Isso, tanto no governo como fora dele.
Fontes levantadas pela Revista Sociedade Militar revelam que há na Rússia dezenas de grupos neonazistas, supremacistas brancos e grupos paramilitares nazistas tolerados veladamente por Putin.
O site www.antifascist-europe.org faz uma radiografia dos grupos racistas existentes na Europa. São centenas por todo o continente e praticamente em todos os países, mas só a título de comparação entre Rússia e Ucrânia, enquanto no país de Putin existem cerca de setenta grupos de todo tipo de supremacistas brancos, na Ucrânia existem cerca de dezoito. Resta saber quem vai ´´desnazificar´´ a Rússia.
A Rússia hoje é, de longe, um dos países que mais abriga grupos de neonazistas e afins. Se não, de fato o que mais tem, porque dos cerca de quatrocentos grupos existentes na Europa, 70 estão na Rússia.
Grupo Wagner de mercenários
É uma organização paramilitar neonazista com vinculações no interior das forças armadas russas.
O grupo militar russo que mais se destaca na guerra da Ucrânia e tem tido mais êxito que o próprio exército russo é o Grupo Wagner de mercenários. Essa milícia particular foi fundada em 2014 pelo tenente- coronel ex-oficial do exército russo Dmitriy “Wagner” Valeryevich Utkin.
Nesse ano ele e seu grupo participaram da tomada da Crimeia, na reião do Donbass ucraniano e depois combateram na Síria e em vários países na África fazendo a segurança na extração de ouro e diamantes e na atual guerra da Ucrânia. Na África se beneficiam muito com a mineração dos minerais preciosos. Os diamantes são lavados com muito sangue.
Dmitri Utkin não tem Wagner em seu nome, mas escolheu esse nome porque era seu codinome indicativo de chamada quando militar. A escolha do nome Wagner é uma homenagem ao músico predileto de Adolf Hitler, Richard Wagner, símbolo da Alemanha nazista, e ao fato de que os mercenários de seu grupo são conhecidos como ´´músicos´´. Cantam suas armas ao sabor de muitas mortes.
Utkin foi membro das famosas forças especiais Spetsnaz, a serviço do GRU, serviço de inteligência russo e foi condecorado com quatro medalhas da Ordem de Coragem da Rússia. Sobre seus ombros pesam acusações de muitas atrocidades e mortes, entre elas a queda de um avião ucraniano de transporte que matou 49 pessoas em 2014.
A ficha é muito extensa. Quando atuou na Síria com seus mercenários, sofreu um bombardeio de caças americanos que matou cerca de 200 militares do Wagner.
Acusado de ser umneonazista, possui tatuagens de suásticas e a águia imperial nazistas em seu corpo e ele é caracterizado por ter grande admiração por Hitler. É membro da “Fé Nativa Eslávica”, um movimento neopagão e que prega a supremacia étnica branca.
Também está ligado a uma organização supremacista branca e ultranacionalista conhecida como The Night Wolves (Lobos da noite), um clube de motociclistas que recebeu sanções dos EUA, Reino Unido e UE. Acredita-se que os Night Wolves também sejam apoiados pelo governo russo, e as mídias sociais estão cheias de imagens de membros do Grupo Wagner promovendo o mesmo tipo de retórica de extrema direita dos “lobos da noite”, segundo publicado na revista Deutsche Welle de 20 de janeiro passado.
Putin também financiou Utkin e lhe concedeu honras de estado em nome da Federação Russa. Utkin e outros mercenários também são conhecidos como “Rodnovery”, crentes em uma fé neopagã eslava baseada em uma ideologia racista que incorpora símbolos e retórica próximos ao bolchevismo e ao nazismo.
Putin condecorou pessoalmente Utkin e é amigo pessoal de Prighozin que tem também uma longa ficha de atrocidades encharcadas com muito sangue. Prigozhin e Utkin são parceiros inseparáveis.
Prighozin é conhecido como o cozinheiro de Putin. Foi também membro do exército, mas quando civil passou nove anos preso por roubos.
Se meteu em uma variedade de negócios ilegais e por fim teve um restaurante que ganhou tanta fama que atraiu Putin que frequentava o lugar antes de ser presidente. Quando eleito, levou Prigozhin para fornecer comida para o exército e escolas públicas, mesmo tendo muitas acusações de corrupção e falcatruas nas costas.
Com o dinheiro milionário que granjeou com Putin, financiou o grupo Wagner. Quando Putin precisou de soldados para as duas guerras com a Ucrânia, pôde contar com ele. Militares do grupo Wagner foram flagrados lendo ´´Minha Luta´´ de Adolf Hitler e há muitas fotos de membros dessa milícia exibindo suásticas em suas camisetas nas mídias sociais.
Grupo Rusich
O grupo Rusich atua juntamente com o Wagner e estão juntos em várias missões, incluindo na Ucrânia agora. É um destacamento de combate neonazista.
O emblema do grupo é composto do símbolo pagão eslavo Kolovrat, que nada mais é que a mesma suástica nazista ou cruz gamada sobre a bandeira do Império Russo. Outras versões incluem o símbolo nórdico Valknut, símbolo do paganismo nórdico e germânico, runas e o Sol negro, que é uma roda símbolo usada por neonazistas e satanistas.
Em 2022, o grupo e seus comandantes Alexey Milchakov e Yan Petrovsky foram incluídos na lista de sanções dos EUA por sua “crueldade especial” nas batalhas na Ucrânia e na Síria. É considerada uma ´´organização terrorista global´´.
Um vídeo, publicado em dezembro de 2020, mostrava dois homens russos elegantemente vestidos – coletes, lenços de bolso, gravatas de seda – bebendo uísque americano em taças de conhaque e discutindo sobre o assassinato de ucranianos.
“Sou nazista. Sou nazista“, disse um dos homens, Aleksei Milchakov , que foi o foco principal do vídeo publicado em um canal nacionalista russo no YouTube. “Não vou me aprofundar e dizer , sou nacionalista, patriota, imperialista e assim por diante. Digo sem rodeios: sou nazista”.
“Você tem que entender que quando você mata uma pessoa, você sente a emoção da caça. Se você nunca caçou, deveria tentar. É interessante“, disse ele.
Foi conhecido também por matar um cachorro, cortar sua cabeça, comer e postar fotos sobre isso nas redes sociais, juntamente com membros do Movimento Imperial Russo, um grupo de supremacistas brancos que foi designado também para atuar com sua unidade paramilitar, o Legião Imperial Russa junto com o Rusich. CLIQUE PARA LER A SEGUNDA PARTE DESSE TEXTO