Esta semana, a Revista Sociedade Militar trouxe a alarmante notícia que um número extraordinariamente grande de oficiais do Exército Brasileiro e Aeronáutica têm solicitado para serem demitidos do serviço ativo. Em entrevista exclusiva à publicação, militares formados nas academias mais tradicionais do país, como AMAN e IME, alegam existir inúmeros motivos para tais decisões.
Os salários baixos são uma reclamação recorrente. E não é de hoje. Em 2013, o então Sargento Vinícius Feliciano, de 29 anos, também ouvido pela Revista Sociedade Militar, fez um protesto inusitado: desceu a ponte Rio-Niterói de Rapel, tentando chamar a atenção para os valores baixos pagos pelo Exército. Na época, o sargento acabou sendo preso por isso.
Dez anos depois, o valor dos ordenados aparentemente ainda é um problema nas Forças Armadas. Vários militares ouvidos pela revista mencionaram o salário como fator número 1 de desagrado com a carreira nas Forças Armadas.
Soma-se a isso o fato de que, segundo os entrevistados, os métodos antiquados e subjetivos de avaliação dos oficiais e praças também tem desencorajado os jovens a seguirem com a carreira. Alguns militares observaram que chegaram a receber uma avaliação negativa ao se negar a fazer um agrado simples a um oficial superior, como não comparecer a uma festa de aniversário.
Outros se queixaram que parentes e amigos de oficiais de alto escalão tem maior privilégio na escolha para cargos, o que também seria um dos motivos para o crescente descontentamento com a carreira dentro da Força.
Leitores reagem às declarações
Os leitores da Revista Sociedade Militar se indignaram com as declarações. Um comentário sugeriu que o Nepotismo e a adulação de superiores estaria destruindo a meritocracia dentro das Forças Armadas, provocando um consequente desmonte.
Outro leitor expressou seu descontentamento enquanto militar do Exército: “Em minha opinião, como cidadão e S Ten R1: o povo tem que demonstrar o seu descontentamento! A culpa de tudo o que está ocorrendo é dos Oficiais Generais, Almirante e Brigadeiros. Os oficiais sempre pularam do barco e o barco fica a Comando dos S Ten e Sgt, sempre foi assim!”, observou.
Maior parte das reclamações vem de militares jovens
Boa parte dos comentários mostraram-se chocados com o fato de que os militares que tem solicitado demissão do serviço ativo são, em sua maioria, jovens. Teoricamente, oficiais e praças mais jovens tem perspectivas melhores de carreira dentro das Forças Armadas e seu descontentamento com a carreira seria um sinal grave de alerta. Um leitor perguntou: “Será que agora cai a ficha da necessidade de um repensar a instituição como um todo: código de ética, formação, mecanismos de controle desses abusos, estrutura da carreira, remuneração?”
Outro comentário tem uma opinião parecida: “Eu me reformei aos 32 anos de serviço e para não ficar parado fiz concurso público e me tornei professor de uma prefeitura. Lá minha hora de trabalho vale mais que o dobro da que eu recebo no Exército Brasileiro como subtenente (com todos os aditivos que os 32 anos poderiam me dar). Para que um jovem que começa a carreira como sargento ganhando um pouco mais de 3 mil reais vai querer ficar nas Forças Armadas e quando sair ganhar pouco mais que o dobro disso?”, questionou o militar reformado.
“Eu era médica e pedi meu desligamento após 13 anos. Texto perfeito e eu adicionaria vários outros problemas. Daria uma nova reportagem.”, indignou-se outra leitora.
Certamente há muito o que se falar do assunto e muitas pessoas, inclusive civis, tem se juntado ao crescente coro de militares insatisfeitos.
E você? Qual sua opinião sobre o assunto?