O cientista Albert Einstein disse que não saberia como seria a terceira guerra mundial, mas profetizou que a quarta guerra seria com paus e pedras. Mas, até chegarmos a esse último nível de decadência entre as relações humanas ainda há alguns degraus a descer.
Desde os primeiros conflitos relatados pelo homem sempre houve uma tendência a proteger o soldado o máximo possível. Inicialmente com armas primitivas como extensão dos corpos, de modo a maximizar os prejuízos do inimigo e preservar os próprios guerreiros.
Lanças, flechas, bestas, bigas, maças, armaduras, escudos, cotas de malha, peltas, fundas, espadas, catapultas. Tudo isso, e muito mais, projetado para otimizar os esforços dos soldados, preservar ao máximo sua vida e destruir mais e melhor o inimigo.
Mas, que soldado sobreviveria a uma guerra nuclear? O exército chinês parece ter encontrado uma resposta…
A BARATA NÃO É MAIS A CAMPEÃ DA SOBREVIVÊNCIA NUCLEAR
Basicamente após uma explosão nuclear, após a tempestade de fogo, a chuva radioativa chega. A radiação afeta os seres vivos em nível celular, fazendo com que as células não funcionem corretamente. As células mais sensíveis à radiação são as que se dividem com mais frequência, uma vez que a radiação afeta o DNA, causando mutações irreversíveis.
A exposição de um tecido à radiação é medida em unidades de raios-gama(Gy). No caso de humanos, a dose letal é de 4-10 Gy. No caso das baratas, a dose letal é de cerca de 64 Gy, cerca de 6 a 15 vezes maior que a dos humanos. Sua maior resistência deve-se ao fato de as suas células se dividirem muito mais lentamente, tornando-as mais resistentes aos efeitos da radiação.
Mas a barata não é páreo para um animalzinho microscópico segmentado chamado tardígrado, relacionado com os artrópodes. São conhecidos como “ursos d’água”. O bichinho, que não passa de 1,2mm, já foi encontrado em fontes termais e em locais tão díspares como o topo do Himalaia, sob camadas de gelo sólido e no leito de oceanos.
“Urso d’água” conhecido como Tardígrado – Echiniscus granulatus
São um dos poucos grupos que podem viver em criptobiose (situação em que todos os processos metabólicos param) reversível por até 10 anos. Em 2007, tardígrados foram levados ao espaço e entraram para o Guinness – o livro dos recordes – por ser o primeiro animal a sofrer exposição no espaço sideral e sobreviver.
Os tardígrados podem sobreviver alguns minutos sendo aquecidos a 151 ºC, alguns dias sendo resfriados a -200 °C (73 K), ou por alguns minutos a -272 °C (aproximadamente 1 grau celsius acima do zero absoluto), e finalmente – e é aqui que o urso d’água se revelou interessante para os chineses – os tardígrados podem suportar doses letais de 5000 Gy (de raios-gama) e 6200 Gy (de íons pesados), apenas 5 a 10 Gy podem ser fatais para seres humanos.
EDIÇÃO GENÉTICA PARA CRIAR UM SUPER SOLDADO
Os cientistas da Academia de Ciências Militares de Pequim afirmaram que inseriram o gene do tardígrado no DNA humano usando a ferramenta de edição de genes CRISPR-Cas9.
O CRISPR/Cas9 (sigla para Conjunto de Repetições Palindrômicas Regularmente Espaçadas em associação com a nuclease Cas9, em inglês) é o nome de uma técnica de biologia molecular capaz de editar (remover, adicionar, trocar) sequências de DNA localizadas em qualquer região do genoma.
Sem dúvida, a vida imita a arte. Não é preciso ser muito inteligente para imaginar qual é o objetivo de mais essa “inovação científica” vinda dos laboratórios chineses. De acordo com os pesquisadores, as células humanas modificadas com esse gene aumentaram significativamente sua resistência à radiação.
O próximo passo é transformar as células-tronco embrionárias geneticamente modificadas em células hematopoiéticas, ou seja, aquelas capazes de se desenvolver em todos os tipos de células sanguíneas. A ideia é que as células modificadas possam ser implantadas na medula óssea para dar origem a novas células sanguíneas resistentes à radiação.
A ideia dos militares chineses é criar um supersoldado que possa sobreviver a uma guerra nuclear, gerando um híbrido entre um ser humano e um… artrópode de 2 milímetros.
Talvez Einstein tenha se enganado, talvez não cheguemos à guerra com paus e pedras afinal.