Ucranianos e simpatizantes se reuniram em frente à embaixada brasileira em Lisboa para protestar contra as recentes declarações do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva sobre a guerra da Ucrânia. Na semana passada, Lula irritou praticamente o ocidente todo ao sugerir que tanto Ucrânia quanto Rússia eram igualmente culpados pela guerra que acontece no leste da Europa.
Conforme apurou a Revista Sociedade Militar, várias pessoas se reuniram em frente a embaixada brasileira em Portugal para protestar. Alguns seguravam fotos que retratavam atrocidades cometidas pelos russos na guerra. Outros, agitavam bandeiras e gritavam palavras de ordem.
Em suas declarações, Lula também disse que tanto os Estados Unidos quando seus aliados europeus deveriam parar de fornecer armas à Ucrânia, acusando-os de prolongarem a guerra.
Nos últimos dias da visita, no entanto, o presidente brasileiro baixou o tom, passando a condenar a violação russa da integridade territorial da Ucrânia. Lula também solicitou uma mediação para por fim ao conflito.
O governo ucraniano criticou a abordagem do presidente, acusando Lula de tratar vítima e agressor da mesma forma.
Protestos durante a visita
Uma refugiada ucraniana que está em Portugal há apenas quatro meses disse ter se sentido “terrível” ao ouvir os comentários de Lula. “Isso me deixou muito chateada porque não compreendo como o presidente do Brasil pode apoiar Putin”, disse a jovem de 27 anos, acrescentando que Putin é um “assassino”.
Do lado de fora da embaixada, manifestantes seguravam cartazes com os dizeres “A Rússia é um estado terrorista” e “Pare de matar nossos filhos”.
“Todos os dias morrem pessoas na Ucrânia e precisamos de apoio internacional”, afirmou o presidente da Associação Ucraniana de Portugal, Pavlo Sadokha, descrevendo como “estranho” que um “presidente que lutou pela democracia toda a sua vida esteja agora do lado do totalitarismo”.
A associação entregou uma carta à embaixada brasileira para expressar seu descontentamento com as declarações de Lula. A carta foi entregue ao embaixador do Brasil, Raimundo Carreiro, e ao ministro do governo, Marcio Macedo.
Posicionamento também não agradou presidente português
“A posição de Portugal é diferente”, declarou o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa. “Um eventual caminho para a paz pressupõe o direito prévio da Ucrânia a reagir à invasão, recuperando o que pode ou quer recuperar da sua integridade territorial”, afirmou Rebelo.
Portugal é membro da União Europeia e da OTAN e um foi um dos primeiros países a enviar carros de combate para a Ucrânia.