Quem de fato se preocupa com a segurança nacional compreendeu como assustadoras as declarações feitas pelo Comandante da Marinha do Brasil, Marcos Sampaio Olsen, na comissão de relações Exteriores do Senado em 4 de maio de 2023. Ao discorrer sobre as restrições orçamentárias extremamente severas o Almirante de Esquadra deixou escapar que nos próximos 5 anos a Marinha vai ter que se desfazer de pelo menos 40% dos seus meios operativos.
“Esse gerenciamento, essa proteção dos recursos de maneira a propiciar a sua exploração sustentável requer a presença de meios. E a realidade hoje é esta: por imposição e por restrições severas de orçamento, que impedem a devida manutenção ou reaparelhamento da Força, vejam as senhoras e os senhores que eu, até 2028, darei baixa em 40% da Força.”
Ao discorrer sobre a capacidade operativa, ou seja o verdadeiro poder de fogo da Marinha do Brasil, o almirante foi enfático ao declarar que uma força naval necessariamente precisa ter capacidade de causar dano ao inimigo e que para isso é necessário treinamento, combustível, munição etc. O oficial mencionou ainda que a marinha hoje tem 88% de seu orçamento já comprometido com despesas fixas, restando pouca margem para as chamadas despesas discricionárias.
“… eu preciso de combustíveis, manutenção e munição. É inadmissível uma Força que não tenha capacidade de causar dano, e capacidade de causar dano exige treinamento, exige munição, exige óleo, exige manutenção dos seus bens. Então, exatamente em função daquele quadro orçamentário, nós temos perdido capacidade de atuação em todo aquele espaço.”
” …em termos de governança orçamentário-financeira, é assim que está distribuído o orçamento da Força: 88% do orçamento hoje é de despesas obrigatórias, compostas de pagamento de pessoal, assistência médico-odontológica, movimentação em diária, ajuda de custo, auxílio-fardamento…”
Por fim o Comandante da Marinha admitiu que diante de uma ameaça iminente o Brasil precisaria de uma esquadra Moderna e quem sem isso o país não poderá se defender satisfatoriamente. Pelo que se ouviu do almirante, no que diz respeito a Marinha, Exército e Força Aérea a situação é semelhante.
Robson Augusto – Revista Sociedade Militar