A Embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, declarou na quinta-feira que os Estados Unidos estão “decepcionados” com o governo brasileiro, ao falar sobre as recentes declarações do presidente Luis Inácio Lula da Silva sobre a guerra Rússia-Ucrânia. A embaixadora destacou que as discussões de paz não podem ser “baseadas em recompensar a Rússia”.
“Expressei nossa decepção com as declarações que foram feitas sobre a Ucrânia”, disse Thomas-Greenfield em coletiva de imprensa na Embaixada americana em Brasília. As declarações foram feitas logo após reunião com o principal assessor de política externa do governo Brasileiro, Celso Amorim. Amorim foi Ministro das Relações Exteriores, entre 2003 e 2011, e Ministro da Defesa, no período de 2011 a 2015.
“Como parte dessa discussão, encorajei os brasileiros, inclusive o assessor especial Amorim, a irem para a Ucrânia.”, declarou a embaixadora americana. “É importante que qualquer esforço de negociação inclua a Ucrânia nessas discussões”, pontuou. A embaixadora também acrescentou que Celso Amorim teria dito que tem planos de ir à Ucrânia, mas não anunciou uma data definida para que isso aconteça.
“Não estamos dizendo ao Brasil para não engajar na paz. O que dissemos é que qualquer engajamento deve levar em consideração a Ucrânia, e não pode ser uma negociação baseada em recompensar a Rússia por tomar território ucraniano durante sua guerra não provocada”, concluiu a embaixadora Linda Thomas-Greenfield.
Declarações de Lula geraram mal estar
Nas últimas semanas, Lula tem sido duramente criticado tanto pela imprensa brasileira quanto por observadores estrangeiros por conta das suas declarações recentes sobre a guerra da Ucrânia. Em abril, o presidente brasileiro responsabilizou ambos os países pela guerra, chegando a dizer que “quando um não quer, dois não brigam”.
A fala repercutiu mal e forçou Lula a se retratar posteriormente. Em discurso ao Parlamento português, Lula condenou o que chamou de “violação da integridade territorial da Ucrânia”, embora não tenha citado a Rússia.
O presidente também deu declarações ambíguas em várias ocasiões em relação à guerra, mas frequentemente, sua postura reflete uma visão mais pró-Rússia do conflito. John Kirby, porta-voz dos Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, chegou a acusar Lula de “repetir a propaganda russa e chinesa sem olhar para os fatos”.