Segundo dados levantados pelo Instituto Internacional de Pesquisas para a Paz de Estocolmo, o SIPRI, os gastos militares mundiais aumentaram cerca de 3,7% no ano passado. Ao todo, o custo militar mundial atingiu a marca recorde de US$ 2.240 bilhões.
Os gastos globais cresceram 19% na última década, informou o instituto, sendo que desde 2015 não param de aumentar. Apenas no último ano, impulsionado pela invasão da Ucrânia pela Rússia, os gastos militares na Europa aumentaram cerca de 13%. Esse foi o maior aumento anual nos gastos europeus desde o fim da guerra fria. Além disso, também houveram aumentos substanciais nos gastos militares russos e ucranianos, o que contribuiu para o registro da marca histórica.
O instituto sueco é a principal referência hoje no mundo na coleta e análise de dados sobre orçamentos militares.
EUA, China e Rússia lideram ranking mundial
Em 2022, Estados Unidos, China e Rússia representaram sozinhos mais da metade dos gastos militares mundiais, cerca de 56% do total. Os Estados Unidos têm o maior orçamento, cerca de US$ 876,9 bilhões. Para se ter uma ideia de quanto esse valor é astronômico, o segundo maior orçamento militar do mundo, o da China, é menor do que a metade disso, cerca de US$ 292 bilhões. A Rússia segue em terceiro lugar, com um orçamento militar de US$ 86,4 bilhões.
Atrás dos três gigantes, estão Índia e Arábia Saudita, com seus orçamentos militares de US$ 81,4 bilhões e US$ 75 bilhões, respectivamente.
Os Estados Unidos gastam mais com suas forças armadas do que os próximos 11 países da lista juntos. Isso equivale a um total de quase 40% do orçamento militar global. No entanto, tanto China quanto Estados Unidos aumentaram consideravelmente seus gastos na última década.
Brasil investe menos que vizinhos
No entanto, apesar da tendência crescente de investimento no setor, o Brasil segue no mesmo patamar desde pelo menos 2017, quando o orçamento atingiu pela primeira vez a marca histórica de 87 bilhões de reais. Nos próximos anos, o número giraria em torno desse valor, exceto no ano passado, quando atingiu pela primeira na história a marca dos R$90 bilhões.
Para este ano, a previsão é que sejam gastos um valor ligeiramente inferior, cerca de R$89,59 bilhões.
É pouco, se for levado em conta o impacto no PIB nacional. Em 2010, o orçamento militar brasileiro chegava a 1,4% do PIB. No ano passado, era apenas 1.1%. Em comparação, os Estados Unidos desembolsam atualmente 3.5% do PIB com seus gastos militares.
Mesmo os nossos vizinhos e países mais próximos também tem um gasto significativamente maior em relação ao Produto Interno Bruto do que o Brasil. Na Colômbia, por exemplo, o valor gasto com o orçamento militar chega a 3.1% do PIB. No Chile, é de cerca de 1.8%. Até mesmo a Bolivia gasta uma porção significativa do PIB maior do que o Brasil: aproximadamente 1.5%.
Passado militar do ex-presidente Bolsonaro não impactou orçamento
“O presidente brasileiro Jair Bolsonaro forjou laços estreitos com as forças armadas durante seu mandato (2019-22), mas isto não levou a um aumento do financiamento para os militares”, argumentou o SIPRI sobre o assunto.
O informe do Instituto ainda sugere que os gastos foram ainda menores do que em outros anos pois, devido ao aumento do valor do dólar em relação ao real, a importação de armas e equipamentos se tornou mais cara. Na visão do SIPRI, não houve portanto uma estagnação do valor investido, mas uma queda substancial. “Os gastos militares diminuíram ano após ano durante o governo Bolsonaro, caindo em 16% no geral entre 2019 e 2022.”, conclui o relatório.
De fato, se for calculado em dólares, em seu primeiro ano de mandato, em 2019, Jair Bolsonaro alocou o equivalente a U$25.9 bilhões para os militares. Em 2022, esse valor caiu para pouco mais de U$20 bilhões.
No ranking mundial, o Brasil também perdeu uma posição, passando do 16º para o 17º lugar no ano passado.
Fontes consultadas: Portal da Transparência / Wisevoter / SIPRI / Ministério da Defesa.