Mais de 30 soldados das tropas de manutenção da paz da OTAN que defendiam prefeituras no norte de Kosovo ficaram feridos em confrontos com manifestantes sérvios esta semana. Em resposta ao incidente, o presidente da Sérvia colocou o exército no nível mais alto de alerta de combate.
A situação tensa se desenvolveu depois que prefeitos de etnia albanesa assumiram o cargo em áreas de maioria sérvia, no norte de Kosovo. O resultado da eleição se deu desfavorável aos sérvios devido a um boicote organizado pela população dessa etnia, o que gerou forte reação negativa internacional.
A KFOR, a missão de paz liderada pela OTAN em Kosovo, condenou a violência. “Ao combater as franjas mais ativas da multidão, vários soldados do contingente italiano e húngaro da KFOR foram alvo de ataques não provocados e sofreram ferimentos traumáticos com fraturas e queimaduras devido à explosão de dispositivos incendiários”, afirmou em um comunicado.
O comandante da KFOR, General de Divisão Angelo Michele Ristuccia, citou os ataques como “inaceitáveis” e sublinhou que a missão da OTAN “continuará a cumprir o seu mandato de forma imparcial”.
Quase uma centena de feridos
O presidente sérvio, Aleksandar Vučić, disse que 52 sérvios ficaram feridos, três com gravidade. Já o ministro da Defesa da Hungria declarou que mais de 20 soldados húngaros estão entre os feridos, com sete em estado grave.
Onze soldados italianos também teriam ficado feridos, três deles em estado grave, disse o ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani. A primeira-ministra do país, Giorgia Meloni, declarou: “Não toleraremos novos ataques contra a KFOR. É essencial evitar novas ações unilaterais por parte das autoridades do Kosovo e que todas as partes recuem para diminuir as tensões”.
O embaixador dos EUA e o enviado da União Europeia convocaram os prefeitos de etnia albanesa para uma reunião em Pristina, capital do país, em uma tentativa de aliviar as tensões.
A presidente de Kosovo, Vjosa Osmani, acusou seu colega sérvio de desestabilizar Kosovo. “Estruturas ilegais sérvias transformadas em gangues criminosas atacaram a polícia de Kosovo, oficiais do KFOR e jornalistas. Aqueles que cumprem as ordens de Vučić para desestabilizar o norte de Kosovo devem enfrentar a justiça”, twittou Osmani.
Eleições boicotadas
Os sérvios, que constituem a maioria no norte de Kosovo, nunca aceitaram a declaração de independência do país em 2008. Grande parte dos sérvios que habitam Kosovo ainda enxergam Belgrado, a capital da Sérvia, como sua capital. Vale lembrar que já fazem mais de duas décadas desde o levante albanês de Kosovo contra o regime repressivo sérvio.
Os albaneses étnicos representam mais de 90% da população de Kosovo como um todo. No entanto, os sérvios se recusaram a participar das eleições locais em abril e os candidatos de etnia albanesa venceram as prefeituras em quatro municípios de maioria sérvia.
Os sérvios exigem que o governo de Kosovo remova os prefeitos de etnia albanesa das prefeituras e permita que as administrações locais financiadas pela Sérvia retomem seu trabalho.
Fonte: The Guardian