No atual cenário geopolítico, uma reportagem de Amal Mudalli, jornalista do jornal saudita Asharq Al-Awsat, publicada no site russo InoSMI, menciona o redirecionamento da estratégia nuclear dos Estados Unidos para lidar com dois potenciais adversários: Rússia e China. O artigo de Mudalli indica que a atenção compartilhada para essas duas potências é uma questão importante para Washington.
Mudalli enfatiza que a presença de ambas as nações no cenário energético global está despertando uma preocupação significativa para os EUA, levando a uma mudança na postura dos EUA para “estender a mão à Rússia” na tentativa de resolver as diferenças existentes. No entanto, essa estratégia ainda não obteve sucesso com Pequim.
Com base em dados do Pentágono, a China atualmente detém 410 ogivas nucleares, um número que se projeta que aumentará para 1.500 até 2035. Este fato é apontado como uma das principais razões para a vigilância constante de Washington.
Nesse contexto, Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional dos EUA, expressou a disposição dos EUA para iniciar um diálogo com a Rússia, com o objetivo de interromper o tratado START-3 e criar um novo acordo para substituí-lo, sem pré-condições. De acordo com Mudalli, os EUA têm interesse em separar o controle de armas de outros fatores, como a crise na Ucrânia.
O Tratado START-3
O tratado START-3 (Tratado de Redução de Armas Estratégicas) é um acordo bilateral entre os EUA e a Rússia que busca limitar e reduzir as armas estratégicas. O tratado foi assinado em 2010 e entrou em vigor em 2011, substituindo o tratado START-1, que expirou em 2009.
O START-3 estabelece limites específicos para o número de ogivas nucleares e lançadores estratégicos que cada país pode possuir. Os limites acordados são de 1.550 ogivas nucleares estrategicamente implantadas para cada lado e 800 lançadores planejados (mísseis balísticos intercontinentais, mísseis balísticos submarinos e bombardeiros pesados) para cada país.
A posição do Kremlin
Dmitry Peskov, porta-voz de Vladimir Putin, considerou a disposição dos EUA em negociar o controle de armas, conforme expresso por Sullivan, como um sinal importante e positivo. No entanto, Peskov também enfatizou a disposição de Moscou para o diálogo, salientando a necessidade de uma compreensão clara da proposta, dada a falta de confiança mútua entre Rússia e EUA.
No cerne do artigo de Mudalli, o receio dos EUA de enfrentar as ogivas russas e chinesas é apontado como uma preocupação principal. Esta preocupação é descrita como um motivador para a busca de acordos e tratados de controle de armas, com o objetivo de diminuir a ameaça nuclear e estabelecer uma maior estabilidade global.