O Ministério da Educação, o MEC, decidiu esta semana encerrar o programa das escolas cívico-militares. A iniciativa havia sido uma das grandes prioridades do governo de Jair Bolsonaro, inegavelmente. Criado em 2019, o programa de permitia a transformação de escolas públicas para o modelo cívico-militar. No formato proposto pela antiga gestão, educadores civis ficariam sobretudo responsáveis pela parte pedagógica, enquanto a gestão administrativa das escolas ficaria primariamente a cargo dos militares.
A partir da nova decisão do governo, no entanto, foi iniciado um processo de desmobilização do pessoal das Forças Armadas vinculados ao programa. O MEC, contudo, garantiu que serão adotadas medidas graduais para permitir o encerramento do ano letivo dentro da normalidade.
Paraná decide manter suas escolas
Diante da decisão do MEC, o Governo do Paraná declarou, a princípio, que irá assumir e manter o modelo cívico-militar nas 12 escolas do estado que utilizam o modelo. Desse modo, até o fim do ano letivo, a Secretaria de Educação deverá fazer o planejamento para migrar da modalidade federal para a estadual. Assim, as escolas passarão das mãos das Forças Armadas para a Polícia Militar.
Atualmente, das 2.109 escolas estaduais do Paraná, 196 são cívico-militares via PM e 12 via Forças Armadas.
Anteriormente, ainda antes do início do atual governo, a equipe de transição já havia anunciado as intenções de Lula de acabar com o modelo. Na época, em entrevista à BBC Brasil, a diretora de uma das escolas do estado que seguem o modelo, a Escola Estadual Cívico-Militar Tancredo de Almeida Neves, declarou que “a comunidade não iria aceitar” o fim do programa. Valéria Ramirez Daniel, de Foz do Iguaçu, disse que a reação na comunidade atendida pela escola à possibilidade de encerramento do programa já era inegavelmente negativa.
“Eu tenho recebido várias consultas nos últimos dias e os pais disseram que se o programa acabar e a escola deixar de ser cívico-militar, eles vão tirar os filhos daqui”, disse a diretora à BBC Brasil.
Decisão gerou forte reação na Internet
Igualmente, a maioria dos leitores da Revista Sociedade Militar repudiaram a decisão. Um leitor declarou que “Este governo com esta atitude, deixa mais do que claro que quer acabar com princípios, virtudes, valores e a boa educação. Deixando claro que quer cada vez mais uma massa de ignorantes e manipuláveis.”. Outra leitora semelhantemente fez uma observação negativa: “Esse é o desgoverno! Cadê os livros que ele tanto fala e agora retirou?”, questionou.
Contudo, também houveram comentários favoráveis a decisão, como mostra o print abaixo.
Em outros portais, também houveram fortes reações negativas. Um comentário em tom irônico declarou: “Aquela velha máxima: O que estava, agora piorou. O PT consegue piorar o que que estava sendo “despiorado”.
Outro comentário, de uma pessoa que se identifica como pai de aluno, dizia: “Só quem tem filhos nessas escolas como eu, (1 casal) pode falar sobre a diferença entre o ensino público tradicional e as escolas militares. As últimas são muito superiores tanto no aspecto pedagogico quanto no disciplinar. Uma lástima, uma grande perda para a formação de nossos filhos.” Outro comentário lamentou a decisão. “Notícia triste, são excelentes escolas. Na minha cidade é a melhor escola pública do município, todos querem uma vaga lá.”
Um dos assuntos mais falados no Twitter
No Twitter, desde segunda-feira, o assunto marca presença nas trending topics, que são os assuntos mais falados na plataforma. Na rede social de Elon Musk, as reações são mistas, com pessoas apoiando e discordando da decisão em iguais proporções.
“Que esses antros de doutrinação ideologica bolsonarista sejam extintas o mais breve possivel”, escreveu um internauta, com mais de 1000 curtidas. Outro, com mais de 500 curtidas, declarou: “Escolas cívico militares têm as melhores notas do Enem. Não tem drogas, não tem prostituição, professores são respeitados… Quanto menos as pessoas estudam, mais ignorantes elas ficam!”
E você? Qual sua opinião sobre o assunto?